quinta-feira, 19 de julho de 2012

Sugestões de leituras, livros, vídeos, atividades, brinquedos e outros...

Portaria de Matrícula 2013

  


Trabalhando com Gráficos 
na Educação Infantil


Buscamos desenvolver essas atividades justamente por entender que a teoria ligada à realidade facilita a compreensão do conteúdo pelo aluno e também com o objetivo de trabalhar gráfico de forma lúdica e significativa levando em consideração que os gráficos ajudam as criança a organizarem melhor as informações, além de permitir que as mesmas estabeleçam diversas comparações e adquiram  uma nova linguagem matemática.

Tema: Brinquedos da Turma


Metodologia: Foi solicitado às crianças que trouxessem brinquedos de casa e junto a outros já existentes na sala de aula, realizou-se a seguinte atividade: Disponibilizou-se todos os brinquedos no centro da rodinha e posteriormente os mesmos foram agrupados por tipo (carro, boneca, animais, panelinhas etc). Em seguida, estabeleceu-se fichas com cores variadas sendo uma para cada tipo de brinquedo; Realizou-se a contabilidade de um a um e logo após o gráfico foi composto com a colaboração direta de cada aluno.  Com o gráfico concluído, realizou-se a leitura e interpretação dos dados.  















Educação Infantil




* Texto discutido em AC.
Material retirado da Revista Presença Pedagógica/ Diálogo entre universidade e educação básica para formação do professor.



AC com a participação das

 Estagiárias de Pedagogia / UESB










Outubro - Mês da Criança

O Dia Mundial da Criança 

O Dia Mundial da Criança é oficialmente 20 de novembro, data que a ONU reconhece como Dia Universal das Crianças por ser a data em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criança. Porém, a data efetiva de comemoração varia de país para país.

Em Portugal, o dia das crianças é festejado no dia 1 de junho, pois o mês de maio homenageia Maria, mãe de Jesus. O dia da criança foi comemorado, no mundo inteiro a 1 de junho de 1950.

No Brasil

Na década de 1920, o deputado federal Galdino do Valle Filho teve a ideia de "criar" o dia das crianças. Os deputados aprovaram e o dia 12 de outubro foi oficializado como Dia da Criança pelo presidente Arthur Bernardes, por meio do decreto nº 4867, de 5 de novembro de 1924.
Mas somente em 1960, quando a Fábrica de Brinquedos Estrela fez uma promoção conjunta com a Johnson & Johnson para lançar a "Semana do Bebê Robusto" e aumentar suas vendas, é que a data passou a ser comemorada. A estratégia deu certo, pois desde então o dia das Crianças é comemorado com muitos presentes.
Logo depois, outras empresas decidiram criar a Semana da Criança, para aumentar as vendas. No ano seguinte, os fabricantes de brinquedos decidiram escolher um único dia para a promoção e fizeram ressurgir o antigo decreto. A partir daí, o dia 12 de outubro se tornou uma data importante para o setor de brinquedos no Brasil.




O Direito das Crianças 


Toda criança no mundo

Deve ser bem protegida

Contra os rigores do tempo

Contra os rigores da vida.



Criança tem que ter nome

Criança tem que ter lar

Ter saúde e não ter fome

Ter segurança e estudar.



Não é questão de querer

Nem questão de concordar

Os diretos das crianças

Todos tem de respeitar.



Tem direito à atenção

Direito de não ter medos

Direito a livros e a pão 

Direito de ter brinquedos.



Mas criança também tem 

O direito de sorrir.

Correr na beira do mar,

Ter lápis de colorir...



Ver uma estrela cadente, 

Filme que tenha robô,

Ganhar um lindo presente,

Ouvir histórias do avô.



Descer do escorregador,

Fazer bolha de sabão,

Sorvete, se faz calor,

Brincar de adivinhação.



Morango com chantilly,

Ver mágico de cartola,

O canto do bem-te-vi,

Bola, bola,bola, bola!



Lamber fundo da panela

Ser tratada com afeição

Ser alegre e tagarela

Poder também dizer não!



Carrinho, jogos, bonecas,

Montar um jogo de armar,

Amarelinha, petecas,

E uma corda de pular.





Toda criança do mundo mora no meu coração...


“Seja pobre, seja rica,

Seja grandona ou nanica,

Mulata, ruiva, amarela,

Seja bonitinha ou feia

De trança ou touca de meia

Use sapato ou chinela...

Seja branca ou seja preta

De seda ou de camiseta

Com diploma ou sem escola

Triste, alegre ou boazinha

Que goste de amarelinha

Ou goste de jogar bola...

Seja indiazinha do mato

Não goste de usar sapato

Caeté ou cariri

Caipira ou da cidade

Diga mentira ou verdade

Em português ou tupi.

More em casa ou num barraco

Coma na mão ou no prato

Viva lá no fim do mundo

Durma na cama ou no chão

Toda criança do mundo

Mora no meu coração.”




Toda criança no mundo




Seja Rodrigo ou Patrícia,

Seja Mônica ou Letícia,

Seja Pedro, Paula, André,

Seja In~es ou Mariana.

Lucila, Carmem, Joana,

Seja Bento, seja Zé...



Seja Dora ou Madalena,

Seja Fernanda ou Helena

Seja Eduardo, Isabel,

Cláudia, Renata, Maria,
Fábio, Roberto, Luzia,
Henrique, Sônia, Miguel...

Seja Marcelo ou Cassiano,
Seja Tiago ou Juliano,
Diogo, Denise, Ana,
Teresa, Célia, Raul,
Abraão, Samuel, Saul,
Luísa, Carlos, Adriana...

Beatriz, Mara, Regina,
Augusto, Mário, Cristina,
Alexandre ou Wladimir,
Flávio, Marcia ou Reginaldo,
Walter, Ângela, Agnaldo,
Temistocles, Jurandir...

Seja Esther, Débora, Bia,
Seja Maria Amélia ou lia,
Seja Hebe, Edu, Caloca,
Seja Bruno, Fanny, Lília,
Seja Lúcia, Seja Emília,
Naum, Teté ou Miloca...

Estela, Edy, Antonieta,
Vinícius, Sérgio, Marieta,
Chico, Caetano, Gracinha,
Gil, Milton, Juliana, Mauro,
Jorge, Armando, Rubens, Lauro,
Nivaldo, Arthur ou Laurinha...

Lucas, Rose, Gabriela,
Seja Álvaro ou Manuela,
Betty, Luís e João,
Alberto, Rui e Suzana,
Frederico, Luciana,
Felipe, Sebastião...

Antônio, Marcos, Anita,
José, Jerônimo ou Rita,
Vera, Marina, Marília,
Eliana, Manuel, Sílvia, Alice, Rafael,
Clara, Lourenço, Cecília...

Geraldo, Edith, Ricardo,
Eunice, Cecy, Leonardo,
Das Dores e Conceição,
Pepe, Gustavo, Raimundo,
Toda criança do mundo
Mora no meu coração.



O conceito de morte para a criança

Muitos adultos acreditam que a criança não entende nada sobre a morte e deve ser poupada de saber que alguém próxima a ela morreu. Entretanto, é provável que esta mesma criança já tenha perdido algum bicho de estimação ou assista alguma cena de morte em desenhos ou noticiários. 
Quando a criança perde uma pessoa querida de sua família como pai, mãe, irmão ou irmã, avós, ela fica triste, confusa. Ocorre que esta mesma morte é sofrida por seus familiares, que doloridos, estão sem condições de manter a intensidade de cuidado e atenção que antes dirigiam a ela. O importante é que, passado este momento de crise, ela volte a sentir-se segura e bem cuidada. 
Segundo Nunes (1998, p.15) nas semanas seguintes à perda, as crianças podem apresentar tristeza profunda ou acreditem que o familiar que morreu permanece vivo. Se, no entanto, evitar mostrar tristeza ou persistir em longo prazo negando a morte de seu familiar querido poderá vir a ter sérios problemas no futuro.
A raiva após a morte de alguém essencial para a segurança da criança é uma reação esperada que pode se manifestar por meio de comportamento irritadiço, pesadelos, medos ou agressão dirigida aos familiares sobreviventes. De qualquer maneira, sabemos que a reação da criança ao luto está bastante relacionada à forma como os pais ou pai sobrevivente e outros parentes abordarão esta questão com ela nas semanas e meses que sucederão a perda. (NUNES, 1998, p. 25). 

Nunes (1998) acrescenta que quando o adulto oculta dela a verdade sobre a morte, pode deixá-la confusa e desamparada, pois possivelmente ela perceberá que algo aconteceu e que todos estão agindo de forma diferente. 
A criança deve ficar à vontade para exprimir os seus sentimentos. Não devemos obrigá-la a ir ao enterro ou velório caso ela esteja assustada. Poderá futuramente encontrar outras maneiras de se despedir e recordar através de fotos e lembranças. Caso ela manifeste desejo de participar do velório ou enterro, informe-a sobre o que verá, explique a razão de estarem ali, deixando-a livre para perguntar e para ficar o tempo que desejar.
O fato é que mesmo a criança que não sofreu perdas necessita do adulto para falar sobre a morte e esclarecer suas dúvidas. Converse com ela procurando ser o mais honesto possível. Falar em céu ou que o morto foi viajar ou dormiu pode criar a falsa expectativa de que regressará, dificultando o entendimento da perda como algo definitivo. Além disso, temos que ter o cuidado de respeitar o seu tempo para compreender a morte, levando em consideração o seu desenvolvimento cognitivo. Crianças pré-escolares acreditam que a morte seja temporária e reversível, tal como acontece em muitos desenhos animados nos quais os personagens morrem e voltam a viver. (PAPALIA; OLDS, 2000, p.365). 

Segundo Papalia; Olds (2000) entre cinco e nove anos a morte é percebida como irreversível, mas não como algo natural e universal. Nesta idade, as crianças não conseguem imaginar que elas ou alguma pessoa conhecida possa morrer. A morte é vista como algo distante, que só ocorre com os outros, a menos que haja uma perda de alguém muito próximo. Somente entre nove e dez anos a morte passa a ser percebida como uma interrupção das atividades dentro do corpo, que faz parte da vida, que é natural.

Impactos do luto infantil

Segundo Bromberg (2000, p. 60) o luto infantil é freqüentemente considerado um fator de vulnerabilidade a muitos distúrbios psicológicos na vida adulta. Esses distúrbios vão desde a excessiva utilização de serviços de saúde, por tê-la com freqüência debilitada, até aumento no risco de distúrbios psiquiátricos.
Bowlby (1981) citado por Bromberg (2000) acrescenta que a curto prazo, ainda na infância, há visíveis conseqüências da perda com má resolução. Alguns dos traços da má elaboração são muito semelhantes aos encontrados em casos de luto de adultos, ou então, de ausência de luto, como ansiedade persistente, medo de outras perdas (principalmente de um dos pais), medo de morrer também, esperança de se reunir ao morto, desejo de morrer, culpa persistente, hiperatividade, cuidados compulsivos, euforia e despersonalização. “A intensidade com que esses traços vão tomar forma está estreitamente vinculada às condições do ambiente, quanto a serem favoráveis ou não a um curso saudável do luto. É importante assinalar que, as condições do funcionamento familiar contribuem para a qualidade da elaboração do luto”. (BOWLBY, 1981 citado por BROMBERG, 2000).
Bromberg (2000) acrescenta que para o psiquismo infantil a relação com a pessoa morta dá o tom quanto a uma evolução adequada ou não para a experiência da perda e a resolução do luto.

Criança também fica de luto

Objetivo 
Acolher o enlutado. 

Ano 
Pré-escola. 

Tempo estimado 
De 15 a 30 minutos, quando morrer um parente de uma criança, um membro da equipe escolar ou alguém conhecido de todos. 

Desenvolvimento 

·        Aproxime-se com delicadeza, sem intervir diretamente e sem forçar o enlutado a abraçar, falar ou participar de atividades. Mas não o deixe sozinho. O importante é ele perceber que há uma pessoa adulta atenta ao seu sofrimento. 
·        Mais do que dizer algo para consolá-lo, deixe que ele expresse suas emoções e só ouça. 
·        Se a criança fizer perguntas, seja o mais objetivo possível. Diga o que realmente aconteceu, com as palavras certas, e não use eufemismos como foi viajar, está dormindo ou foi para o céu. 
·         Pergunte se ela quer contar aos colegas o que aconteceu ou prefere que você o faça. Nas duas hipóteses, reúna todos em roda e, depois de comunicado o fato, pergunte se alguém já passou pela mesma situação. A troca de experiência conforta e é um incentivo para deixar aflorar os sentimentos. Sugira que a turma chame esse colega para brincar, mas sem insistir. 
·         Leve filmes como Bambi e O Rei Leão para a sala. Depois, dê lápis de cor ou giz de cera para que todos desenhem algo sobre o que sentiram diante das cenas de morte. Incentive os comentários e opiniões. 
·        Em caso de haver agressão por parte do enlutado, deixe claro a ele que todos entendem e respeitam sua dor, mas que isso não lhe dá o direito de agir com violência e descontar nos colegas. 
·        Quando falecer alguém conhecido (artista ou pessoa importante na comunidade), não perca a oportunidade de conversar sobre o assunto. Explique o que é um cemitério, por que as pessoas são enterradas, por que os vivos visitam os mortos no feriado de Finados, o que é um velório etc. 
·        Se a escola perder um funcionário ou professor, organize um ritual de homenagem com a participação de todos. A cerimônia pode ser simples, como o plantio de uma árvore. Assim, sempre que alguém olhar para ela poderá lembrar com carinho de quem se foi. Em sala, sugira fazer um desenho (coletivo ou individual) ou pensar em algumas palavras que poderiam ser ditas para a pessoa. 
·        Se a perda foi de um familiar da criança sugira que ela, se quiser, leve uma foto para a escola. Isso pode diminuir o desconforto da ausência. 
·        Se ela chorar muito, explique aos colegas dela o motivo. Oriente-os como agir quando se vê alguém aos prantos: ficar perto e oferecer ajuda ou um lenço de papel. Incentive-os a falar da tristeza e da raiva que surgem pela perda ou do que cada um sentiu quando alguém morreu. Nunca reprima ou tente conter o choro, pois as emoções fazem parte da vida e precisam ser expressadas.

* Texto discutido em AC.





Desenvolvimento da Criança 
Sigmund Freud

Em relação ao desenvolvimento da criança existem inúmeras teorias, cada uma delas abordando aspectos diferentes, quer de ordem psicológica, quer de ordem biológica e comportamental.

Sigmund Freud contribui muito para a compreensão do processo de desenvolvimento da criança ao difundir a idéia que o comportamento se deve, não apenas a processos conscientes, mas também aos processos inconscientes. Freud considerava o mundo psicológico uma série de tensões, como a existente entre o egoísmo e a sociedade, e tensões internas que lutam pelo alívio. Subjacentes a essas tensões, afirmou ele, encontrava-se a energia sexual ou (libido - Palavra originária do latim e significa desejo, anseio. A libido traduz-se no desejo sexual e recebe influências de diversos fatores orgânicos e psicológicos).

Freud foi corajoso ao investigar o processo de desenvolvimento psicossexual dos indivíduos, na qual descobriu a sexualidade infantil. Percebeu que, nos primeiros tempos de vida do ser humano, a função sexual está ligada à sobrevivência e, portanto, o prazer é encontrado no próprio corpo. Um corpo erotizado, que possui excitações sexuais localizadas em algumas partes e que sofre por um processo de desenvolvimento progressivo, nomeado por Freud como fases do desenvolvimento: oral, anal, fálica, latência e genital.

Fase oral - (nascimento a 1 ano): principal ponto de tensão e gratificação é a boca, a língua e lábios - inclui o morder e a sucção. À medida que a personalidade desenvolve-se, os indivíduos fixados na fase oral são absorvidos por problemas de dependência, apego e “ingestão” de substâncias e, talvez até de idéias atraentes.

Fase anal - (1 - 3 anos): ânus e área vizinha são a maior fonte de interesse; aquisição de controle voluntário de esfíncter (treinamento da toalete). Quando adultas, pessoas que se fixam na fase anal podem ter grande satisfação com a motilidade do intestino grosso.

Fase fálico-edipiana - (3-5 anos): Foco genital de interesse, estimulação e excitação; pênis é o órgão de interesse de ambos os sexos; masturbação genital é comum; Intensa preocupação com ansiedade de castração (temor de perda ou danos aos genitais); inveja do pênis (insatisfação com os próprios genitais e desejo de possuir genitais masculinos), vista em meninas, nesta fase; Complexo de Édipo é universal. Criança deseja ter relações sexuais e casar com o membro parental do sexo oposto e, simultânea livrar-se do membro do mesmo sexo.

Fase de latência
- (dos 5-6 anos a 11 - 12 anos): Estado de relativa inatividade da pulsão sexual, com resolução do complexo de Édipo; Pulsões sexuais canalizadas para objetivos mais apropriados socialmente; Formação do superego; uma das três estruturas psíquicas da mente responsável pelo desenvolvimento moral e ético, incluindo a consciência; 

Fase genital - (dos 11 -12 anos em diante): Estágio final do desenvolvimento sexual - começa com a puberdade e a capacidade para a verdadeira intimidade, supõe-se que a atenção vá se desviar da masturbação para as relações heterossexuais.

REFERÊNCIAS: RAMPAZZO, Lisnéia Aparecida. Psicologia geral: serviço social/ São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.

Fonte: http://pt.shvoong.com/books/1693901-desenvolvimento-infantil-segundo Freud


Como ensinar a seu  filho que ler é um prazer

Dicas para incentivar seu filho a ler todos os dias e, assim, ter amor pelos livros.

Pesquisas do mundo todo mostram que a criança que lê e tem contato com a literatura desde cedo, principalmente se for com o acompanhamento dos pais, é beneficiada em diversos sentidos: ela aprende melhor, pronuncia melhor as palavras e se comunica melhor de forma geral. "Por meio da leitura, a criançadesenvolve a criatividade, a imaginação e adquire cultura, conhecimentos e valores", diz Márcia Tim, professora de literatura do Colégio Augusto Laranja, de São Paulo (SP). 

A leitura frequente ajuda a criar familiaridade com o mundo da escrita. A proximidade com o mundo da escrita, por sua vez, facilita a alfabetização e ajuda em todas as disciplinas, já que o principal suporte para o aprendizado na escola é o livro didático. Ler também é importante porque ajuda a fixar a grafia correta das palavras. 

Quem é acostumado à leitura desde bebezinho se torna muito mais preparado para os estudos, para o trabalho e para a vida. Isso quer dizer que o contato com os livros pode mudar o futuro dos seus filhos. Parece exagero? Nos Estados Unidos, por exemplo, a Fundação Nacional de Leitura Infantil (National Children's Reading Foundation) garante que, para a criança de 0 a 5 anos, cada ano ouvindo historinhas e folheando livros equivale a 50 mil dólares a mais na sua futura renda. 

Então, o que está esperando? Veja nossas recomendações e estimule seu filho a embarcar na aventura que só o bom leitor conhece. Você pode encontrar boas dicas de livros em nossa biblioteca básica de leitura!







O que é folclore?

Das cantigas de ninar a personagens como o Saci, entenda o que são as tradições populares


  
O Folclore faz parte da cultura tradicional brasileira



Se você pensa no folclore como algo distante, que faz parte do passado ou que se resume a festas típicas, crendices de áreas rurais ou personagens como saci-pererê e mula-sem-cabeça, pode repensar seus conceitos. Dinâmico, ele se renova o tempo todo, não está limitado geograficamente e pode revelar aspectos valiosos sobre um povo e sua história.
"Existem vários tipos de saberes. Na escola, temos o conteúdo das disciplinas. Mas há um outro tipo de conhecimento tradicional, de domínio comum, que é adquirido e transmitido pelo convívio social. Esse saber é rico e nos identifica", explica Alberto Ikeda, professor de cultura popular e etnomusicologia da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp). 
Modos de ser e de pensar


Também chamado de cultura popular tradicional, o folclore é o conjunto de práticas, histórias, tradições e formas de pensar que pertence a um determinado povo, foi disseminado oralmente e resistiu ao tempo.
Todos os grupos sociais, de qualquer lugar do mundo, independentemente do seu nível de desenvolvimento, têm seu repertório de práticas populares.
Por exemplo, quando recorre a um chá calmante que a avó costumava preparar, ensina ao filho a empinar pipa ou repete um ditado como "o pior cego é aquele que não quer ver", um indivíduo está lançando mão dos chamados saberes populares. Todo mundo faz isso e, muitas vezes, esses costumes estão tão incorporados em nossa rotina, que não nos damos conta de que são oriundos dessa cultura popular.
Assim como o folclore revela qualidades interessantes de uma população, ele também pode mostrar características contestáveis. Um exemplo disso são as expressões de cunho preconceituoso. "Ainda assim, é importante atentar para isso e refletir a respeito. Só podemos modificar ou preservar aquilo que conhecemos", pondera o professor Ikeda, especialista em cultura popular.

Isso é folclore

Para que algo seja considerado folclórico seja um hábito, seja uma brincadeira, seja uma música, seja uma história etc. - ele precisa fazer sentido para um grupo, em um determinado contexto, e resistir ao tempo. A transmissão do saber acontece no convívio social, seja em casa ou na sociedade.
"Muitas vezes, quando vai se conceituar o que é folclore, há uma tendência a valorizar o fenômeno em si e o conhecimento é apartado do praticante. Não dá para separar o grupo humano de seu saber. É preciso valorizar as pessoas que são responsáveis pela divulgação dessas informações", alerta o professor Alberto Ikeda, da Unesp.
Outro aspecto que deve ser ressaltado é que o folclore se atualiza. Um trabalho de renda feito artesanalmente por uma comunidade local, cuja técnica foi transmitida por várias gerações, pode ganhar temáticas contemporâneas e também utilizar novos materiais, mas a essência permanece. O mesmo acontece quando surgem variantes de uma cantiga ou brincadeira.
O folclore também pode ganhar novas manifestações. Um exemplo são as frases dos para-choques de caminhão. Esse tipo de comunicação mostra a personalidade, reforça a identidade e os valores de um grupo específico.

Histórias para repartir amor

As clássicas histórias dos mitos brasileiros - como o saci, a iara, o boto - são recontadas há anos. Elas chamam atenção das crianças, despertando curiosidade e também provocando reflexão. Mas é importante que sejam contextualizadas para ampliar a compreensão dos pequenos.
Na lenda do saci, por exemplo, pode-se explicar que o personagem arteiro, que vive aprontando travessuras, surgiu da necessidade das pessoas de justificar uma distração ou arrumar um culpado para uma determinada situação (leia o nosso especial sobre personagens do folclore).
Além dos contos famosos, vale reunir as crianças e contar histórias de família, falar das brincadeiras da infância dos mais velhos, reproduzir quadrinhas e brincar de adivinhas. É dessa forma que esse tipo de saber se propaga e criamos espaço para a convivência.

"Contar histórias é repartir amor, demonstrar carinho e interesse por aquela pessoa. Ninguém conta uma história para quem não gosta", completa o professor Alberto Ikeda.

C Como a escola pode ajudar a conservar o folclore?

Além das apropriações que a cultura de massa faz de elementos do folclore, qual seria uma boa forma de preservar a tradição atualmente? Para a professora Adriana Romeiro, a vivência é a melhor forma de preservação. Principalmente por meio do convívio da escola, que faz um trabalho de aproximação desse universo e o das crianças. "A escola, os órgãos públicos e as políticas públicas têm um papel essencial nisso". Ela ressalta que é importante conviver com esses símbolos "não como se fossem uma coisa congelada, pela qual temos que ter reverência", mas nos reapropriando deles como elementos do nosso próprio cotidiano. "Devemos reatualizar e adaptar a tradição para o nosso presente. A tradição é algo que tem de ser trazido para o presente".


DIA DO ESTUDANTE


A história do Ursinho Marrom é uma dica que pode ser trabalhada pelo professor no Dia do Estudante. É uma história interessante e as crianças com certeza vão gostar muito.
Nós buscamos dramatizá-la e na sequência foram desenvolvidas algumas atividades em sala de aula como roda de conversa, registro através de desenho e atividade impressa relacionada ao tema: dia do Estudante.


 O Ursinho Marrom

Na floresta, todos os filhotes de animais iam à escola. Só ficava em casa o ursinho marrom.
_Aprender a ler párea que/ dizia Marrom. Eu não preciso disso. Eu posso muito bem encontrar mel sem saber ler. Eu vou é me divertir.
Todos os animaizinhos tinha ido para a escola. Marrom resolveu distrair-se e pensou:
_ Vou à casa de tio Coelho ouvir histórias.
Marrom chegou à casa de Tio Coelho, bateu, bateu, chamou, chamou e ninguém respondeu.
Tio Coelho tinha deixado um aviso na porta, mas Marrom não sabia ler e pensou:
_ Com certeza Tio Coelho foi fazer alguma visita. Vou-me embora.
No caminho, Marrom se encontrou com Tio Coelho.
_Estou vindo de sua casa, Tio Coelho. Que pena o senhor ter ido fazer visitas justamente hoje!
_Fazer visitas? Ma s você não leu o aviso que eu deixei na porta? Perguntou Tio Coelho.
Marrom ficou muito desapontado e não respondeu.
Tio Coelho se lembrou que ele não sabia ler e explicou:
_ Pois o aviso dizia:
Volto já.  Sente-se e espere um pouco.
Marrom pensou:
_Ah! Então é isso que os avisos dizem. Pois já sei. Aprendi.
 No dia seguinte seu Marrom foi à casa de Seu Corujão conversar um pouco.
Seu Corujão não estava, mas bem embaixo de sua casa havia uma cadeira com um aviso.
_Agora já sei tudo sobre avisos, pensou o ursinho. Seu Corujão volta já. Vou sentar e esperar um pouco.
Mal o ursinho Marrom se assentou, deu um pulo da cadeira:
_Tinta fresca! Tinta fresca! Por que não me avisaram? Seu Corujão estava chegando e respondeu:
_O aviso está aí mesmo na cadeira, Marrom. Você não viu?
Marrom ficou muito desapontado. Seu Corujão se lembrou que ele não sabia ler e explicou:
_Este papel na cadeira diz:
TINTA FRESCA
O ursinho pensou:
_Como eu me enganei! Mas agora eu não me engano mais. Já sei tudo sobre avisos.
Marrom foi embora. Quando ele chegou a sua casa, viu a caixa do correio aberta. Dentro dela havia um papel.
_Já sei, pensou Marrom, não devo chegar perto da caixa. Ela foi pintada de novo. Aquele papel diz: tinta fresca.
E Marrom passou bem longe da caixa.
No dia seguinte, cedinho, quando marrom se levantou, começou a sentir um cheiro delicioso. Dona Ursa estava assando bolo. O ursinho ficou todo alegre.
Depois de ter se alimentado, Marrom foi para o jardim e começou a observar o movimento.
Parecia que estava acontecendo alguma coisa fora do comum. Havia um movimento enorme na rua. Os animaizinhos não tinham ido à escola. Estavam todos passando pela rua, com suas famílias. Carregavam doces e salgados.
Passaram os coelhos com uma cesta de bombons. Passaram os passarinhos, carregando uma linda torta. Passaram os macaquinhos e os marrecos.
Marrom resolveu ir ver aonde eles iam. Começou a acompanhá-los, às escondidas.
Os animais estavam parando no meio da mata. Debaixo de uma grande árvore, havia  uma grande mesa. Nela os bichos estavam pondo doces, salgados e bebidas.
_Um piquenique e não me convidaram! Pensou Marrom e começou a chorar.
A tartaruga viu Marrom chorando, Marrom?
_ Eu não fui convidado para o piquenique, respondeu o ursinho.
_Como? Não foi? Foi sim! Eu vi o carteiro pondo o convite na caixa do correio de sua casa.
Marrom enxugou os olhos e disse:
_ Então aquilo era um convite? Pensei que fosse um aviso sobre tinta fresca.
_Ora, Marrom! Que vergonha! Você precisa aprender a ler.
-É mesmo, disse Marrom baixinho.
 Dona Ursa vinha chegando com o bolo e o convite.
O ursinho correu para junto dela e lhe perguntou:
_Mamãe, nós fomos convidados para o piquenique?
_Fomos, respondeu Dona Ursa. Aqui está o convite.
_Que bom Mamãe! Eu pensei que eles tinham se esquecido de nós. Eu preciso aprender a ler. Amanhã mesmo eu vou começar.
No dia seguinte o ursinho Marrom foi o primeiro a chegar à escola.


JANE FLORY
Tradução adaptada





























O incrível poder das


histórias em quadrinhos



Mais do que um divertido passatempo, elas são um valioso instrumento para despertar o gosto pela leitura!

Em parceria com Maurício de Sousa, o Educar para Crescer desenvolveu uma cartilha em quadrinhos para falar sobre a importância da Educação


O cineasta Federico Fellini lia. O filósofo Umberto Eco é ávido consumidor e o artista plástico Roy Lichtenstein fez uso de balões com falas em algumas de suas obras. Esses artistas declararam que a leitura das histórias em quadrinhosserviu de inspiração e influenciou seus trabalhos. Há outros exemplos de personalidades que poderiam ser citadas, mas não é o propósito deste texto listar celebridades e fãs da também chamada arte sequencial. Trata-se só de uma curiosidade, já que houve um tempo em que psicólogos e educadores chegaram a afirmar que os gibis estimulavam a preguiça mental. 


"Por muitas décadas, as histórias em quadrinhos foram vistas à margem do que se entende por leitura. Uma visão equivocada porque os quadrinhos são e sempre foram leitura igualmente válida", defende Paulo Ramos, professor da Unifesp e autor de vários livros sobre quadrinhos.

De fato, hoje não há mais dúvidas sobre o valor desse tipo de narrativa. Tanto que os quadrinhos são recomendados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais e reconhecidos como uma ferramenta de alfabetização. Na visão da professora Maria Angela Barbato, da Faculdade de Educação da PUC-SP, as histórias em quadrinhos acabam sendo também um instrumento no processo de desenvolvimento da leitura e da escrita porque as crianças naturalmente gostam desse tipo de linguagem. "Existem crianças, inclusive, que desenvolvem a leitura com os gibis", diz ela.

Outro fator que torna os quadrinhos tão atraentes para as crianças é a ligação emocional que elas costumam desenvolver com os personagens. Um exemplo da força dessa conexão está na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2008 pelo Instituto Pró-Livro, na qual Mauricio de Sousa, o pai da Turma da Mônica, aparece em décimo lugar na lista dos escritores mais admirados pelos leitores, depois de Monteiro Lobato, Jorge Amado, Machado de Assis, entre outros. 

Ainda há que se ressaltar que, para a formação de um leitor competente, capaz de usar a linguagem em diferentes contextos e situações, é preciso dar a ele acesso a variados tipos de leitura. Como explica a professora Maria José da Nóbrega, assessora da Secretaria Municipal da Educação de São Paulo, "cada gênero de texto desenvolve habilidades específicas, por isso é importante que a criança tenha disponível diferentes fontes de leitura, como jornal, livros, revistas e histórias em quadrinhos. A família tem um papel vital nisso".




































Joãozinho e o Feijão Mágico






























Ler é diferente de contar histórias

          Conhecer as características das duas atividades é essencial para se preparar e garantir a atenção (e a    aprendizagem!) de todas as crianças

Não há quem resista a boas histórias. Nas páginas dos livros, dos jornais e das revistas, na tela do computador e na televisão, narradas presencialmente ou transmitidas pelo rádio... Seja lá onde e como aparecem, elas encantam, amedrontam, fazem rir ou chorar, assustam e são capazes de levar, ainda que em pensamento, até a lugares distantes pessoas de qualquer idade, especialmente as crianças. 

Na pré-escola, elas fazem parte da rotina de duas maneiras: leitura e contação. Além de proporcionar aos pequenos o contato com o mundo dos livros, os momentos de leitura os levam a compreender que a escrita é uma maneira de fixar o texto. Afinal, todas as vezes em que se lê um conto de fadas ou uma fábula, por exemplo, a história é a mesma, está registrada. A contação, por sua vez, explicita o valor da cultura oral. Por serem transmitidas de geração para geração, sem um suporte concreto, as narrativas sofrem diversas transformações. 

Os saberes construídos e as habilidades desenvolvidas durante essas duas atividades não se encerram com esses exemplos. Tanto a contação quanto a leitura são um convite para explorar o mundo da ficção e a riqueza da linguagem literária. 

Ler e contar histórias, porém, não é a mesma coisa - embora possa parecer à primeira vista, principalmente se as atenções estiverem voltadas só para o enredo. "As práticas têm particularidades no que diz respeito aos objetivos e à postura de quem apresenta a trama", afirma Maria Slemenson, formadora do Instituto Natura, em São Paulo. Por isso, cada uma delas pede comportamentos distintos tanto dos educadores como dos pequenos e ambos os grupos precisam estar cientes dessa necessidade. 

A fim de esclarecer as principais diferenças entre ler e contar histórias e ajudar você a se preparar para o trabalho em sala, NOVA ESCOLA preparou a tabela comparativa à direita. Analisar esse material - que foi organizado com a colaboração de especialistas da área - permite repensar como as práticas são apresentadas à criançada e aperfeiçoá-las.
Tabela comparativa: ler x contar

Ler
Contar
Característica
principal
A história é apresentada preservando as palavras escolhidas pelo autor. O leitor deve se manter fiel ao que está escrito.
A trama sempre sofre pequenas modificações, já que o contador tem a liberdade para improvisar e agregar elementos a ela. Ele nunca conta uma história da mesma forma.
Objetivo
Desenvolver o comportamento leitor das crianças. Elas conhecem o portador e seus elementos (texto e imagens), aprendem a emitir opiniões sobre a história, falando ao grupo se gostaram do que foi lido e porquê, e a conhecer o ponto de vista dos colegas.
Ampliar o repertório da cultura oral, que se perpetua na forma e sofre mudanças de conteúdo de geração em geração.
Preparação
Selecione e leia os livros pensando na qualidade literária e na adequação à faixa etária da turma.
Conheça bem a história e seus personagens, já que ela será contada sem o auxílio de um portador de texto. Analise se intervenções com música, fantoches e outros recursos podem enriquecer o momento. Se sim, providencie o material.
Organização da turma
Coloque o grupo sentado próximo a você, de modo que todos possam ouvir a leitura e visualizar as ilustrações do livro. Se houver diversos exemplares do mesmo título, sugira que a turma acompanhe a atividade em duplas.
Peça que as crianças se acomodem em torno de você para ouvir a contação com clareza.
Início da atividade
Apresente ao grupo o título do livro, o autor e o ilustrador. Explique o porquê da escolha e antecipe possíveis dúvidas. Se, por exemplo, os personagens moram no polo Norte, fale um pouco sobre o local. Lembre que é importante todos se manterem em silêncio até o fim da leitura e que perguntas serão respondidas depois. Faça referências ao suporte livro, um bem cultural que guarda a história.
Faça uma introdução rápida do enredo e fale sobre a opção de contar aquela história especificamente. Antecipe possíveis dúvidas. Informe que é importante o grupo se manter em silêncio para ouvir a contação. As perguntas devem ser respondidas somente no término da atividade.
Cuidados
Durante a leitura, seja fiel ao texto. Não substitua palavras ou faça interrupções na narrativa. Mude o tom da voz de acordo com os personagens e o desenrolar da trama.
Conte a história preservando os detalhes. Cuide da postura corporal para que os movimentos enriqueçam a contação. Fique atento à impostação de voz, respeitando o desenrolar da trama e as características dos personagens.
O que fazer depois
Convide a turma para comentar a história e as ilustrações e abra espaço para perguntas - se necessário, releia trechos. Ofereça o livro aos pequenos para que eles o manuseiem e analisem como o visual ajuda a contar o enredo.
Sugira às crianças que apresentem suas opiniões sobre a trama que foi contada e a forma como a narração foi feita.




Escola E Família: Uma Relação De Ajuda Na Formação Do Ser Humano



Rosangela Maria dos Santos Rigo 

RESUMO

O presente trabalho versa sobre a importância da escola e da família manter uma relação de ajuda na formação do ser humano. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, onde constatou-se que a relação escola X família é imprescindível, pois a família como espaço de orientação, construção da identidade de um indivíduo deve promover juntamente com a escola uma parceria, a fim de contribuir no desenvolvimento integral da criança/adolescente.

PALAVRAS-CHAVE: família escola parceria humanização 

INTRODUÇÃO

O presente artigo apresenta uma reflexão acerca do tema "Escola e família: uma relação de ajuda na formação do ser humano". Dessa forma, procura-se evidenciar a importância da parceria família X escola, pois vive-se numa época em que a conturbação e a desintegração dos valores são os maiores obstáculos para o ser humano, a sociedade fundamenta-se no individualismo e o coletivo fica banido a uns poucos sobreviventes. As crianças e adolescentes inseridos nesse contexto, sofrem seqüelas de um mundo dominador. E sendo seres sociais por si mesmo, sofrem quando não conseguem desenvolver suas potencialidades.
É neste prisma que a integração escola X família se sobressai para o pleno desenvolvimento infantil, sendo uma fascinação envolvente, podendo estar presente em toda e qualquer manifestação cotidiana. Assim sempre que aplicada, torna-se evidente o valor da mesma, tanto no aspecto físico, intelectual, moral, espiritual e social, já que se fundamenta na interferência dos processos vitais e culturais. Onde os sonhos e fantasias infantis serão transportes para realizações da vida.
Inicialmente, pode-se afirmar que nos dias atuais a escola não pode viver sem a família e a família não pode viver sem a escola, pois, é através da interação desse trabalho em conjunto, que tem como objetivo o desenvolvimento do bem-estar e da aprendizagem do educando/filho, os quais contribuirão na formação integral do mesmo.
Nesse sentido, é importante citar Içami Tiba (1996, p.140) que diz: "O ambiente escolar deve ser de uma instituição que complemente o ambiente familiar do educando, os quais devem ser agradáveis e geradores de afetos. Os pais e a escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno". 
Desde a mais tenra idade, a criança se desenvolve plenamente quando estimulada e incentivada, buscando alternativas de ação, pois a conduta familiar e escolar propicia relações sociais e individuais. Dessa forma, ela terá maior oportunidade de assimilar a realidade, seja através da liquidação de seus próprios conflitos, das compensações de necessidades insatisfeitas ou de novas alternativas de busca.
Para Gokhale (1980), a família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação bem-sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto. A família tem sido, é e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas. Assim, pode-se dizer que as crianças precisam sentir que fazem parte de uma família. 
Segundo Lancam:
a importância da primeira educação é tão grande na formação da pessoa que podemos compará-la ao alicerce da construção de uma casa. Depois, ao longo da sua vida, virão novas experiências que continuarão a construir a casa/indivíduo, relativizando o poder da família (LANCAM, 1980 apud BOCK, 1989, p. 143).
Partindo da idéia que a família é a base para qualquer ser humano, não fazendo referência aqui somente à família com laços de sangue, mas também as famílias construídas através de laços afetivos. Defini-se família como um conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de se complementarem. E é através dessas relações que os seres humanos tendem a tornarem-se mais afetivos e receptivos, eles aprendem a viver o jogo da afetividade de maneira adequada. Mas para que essa adequação ocorra é preciso que haja referências positivas, responsáveis encarregados de mostrar os limites necessários ao desenvolvimento de uma personalidade com equilíbrio emocional e afetivo. Para as crianças e adolescentes, as referências são pessoas, palavras, gestos que irão proporcionar a formação da identidade. Por isso, crianças e jovens que estabeleçam vínculos de harmonia nos seus momentos de decepções, e que possam receber carinho, atenção e compreensão irão desenvolver uma identidade sadia, conseguindo suportar frustrações até o momento adequado para realizar seus desejos. 
Definindo escola como uma instituição social que se caracteriza como um local de trabalho coletivo voltado para a formação das jovens gerações, diferente de outras tantas instituições sociais, constata-se que a escola é responsável pela educação escolar, é um espaço destinado ao trabalho pedagógico formal, ao entendimento de regras, à formação de valores éticos, morais e afetivos, ao exercício da cidadania. Porém, quanto falta ao educando/filho um ambiente familiar saudável e equilibrado, no qual ele convive com uma desestrutura familiar (ausência de pai, de mãe), ele se deixa levar pelo impulso em direção da irresponsabilidade ou inconseqüência, gerando assim ações inadequadas e insensatas que irão desorganizar e prejudicar a formação do seu caráter e da sua personalidade. Quando a escola é despreparada tanto no seu quadro funcional, como também não cumpre o seu papel social na formação do educando,verifica-se que se têm a partir desse desinteresse escolar/pedagógico indivíduos desestimulados e incapazes de prosseguirem em busca do seu lugar na sociedade. Gerando assim, alunos desmotivados, indisciplinados e com baixa auto-estima.Como dizem Montandon e Perrenoud (1987, p. 7), "de uma maneira ou de outra, onipresente ou discreta, agradável ou ameaçadora, a escola faz parte da vida cotidiana de cada família".
No momento em que escola e família conseguirem estabelecer uma parceria na maneira como irão promover a educação de seus educandos/filhos, muitos dos conflitos hoje observados em sala de aula, serão aos poucos superados. Todavia, para que isso possa aconteça é necessário que a família realmente participe da vida escolar de seus filhos. Que a família tenha comprometimento, envolvimento com a escola, gerando assim, na criança/adolescente um sentimento de amor, fazendo sentir-se amparado e valorizado como ser humano.
Nessa perspectiva, é oportuno novamente citar Içami Tiba, onde diz que ensinar é transmitir o que você sabe para quem quer saber, portanto é dividir sua sabedoria. Mas é uma estranha divisão que não segue as leis matemáticas, porque você divide, mas não perde o que era seu, pelo contrário, pode ganhar o que nem lhe pertencia. Ensinar faz o mestre rever seus próprios conhecimentos com possibilidades de atualizá-los. Os sentimentos de gratidão, admiração e respeito do aprendiz alimentam a alma do mestre. Portanto, ensinar é também trocar (TIBA, 1996).
Dessa forma, verifica-se que é necessário ressaltar que a tarefa de cuidar de maneira adequada de um ser em formação é extremamente difícil, pois requer que os educadores tenham capacidade de trabalhar com os conflitos gerados pela impulsão dos jovens em direção a satisfação rápida, às necessidades biopsíquico-sociais de cada momento. A escola atual, de modo geral, apresenta maior disponibilidade em aceitar um relacionamento mais próximo com os pais. Todavia, o caminho percorrido para se chegar a tal interação foi um tanto difícil, em conseqüência das transformações políticas, econômicas e sociais, das rupturas de paradigmas. Os objetivos da escola, como também da família nos dias de hoje deverão procurar tornar a criança/adolescente apta a assumir responsabilidades, tomar decisões, aprender qualquer ofício, desenvolver suas habilidades, como também orientar o educando/filho na medida em que demonstre necessidade. A escola não deve apenas visar à construção do conhecimento, mas a formação de valores, atitudes e personalidade do aluno.
Então, como assegurar que a escola está cumprindo o seu papel de formação cidadã? Deve-se promover principalmente na esfera escolar a contextualização de temas atuais que mostrem ao estudante a importância de ser aluno-cidadão e que sejam, de acordo com Dayrell (1999), meios através dos quais ele possa se compreender melhor e compreender o mundo físico e social onde se insere, contribuindo, portanto, na elaboração de seus projetos. A escola necessita de uma aproximação com a realidade do aluno e da própria comunidade na qual ela está inserida. O aluno precisa, também, ser incentivado a pensar por si próprio e buscar os conhecimentos de seus interesses, nas bibliotecas, museus, etc. É certo que os papéis da família e da escola, antes prioritariamente repressores, modificaram-se ao longo das últimas décadas. 
Nesse sentido, é importantíssimo conscientização de que a relação entre educação, escola/família/sociedade deve ser alvo de uma transformação contínua, que influência os modelos vigentes de educação, de escola e de sociedade.As escolas devem ser mais ativas e participativas, para despertar no aluno o desejo de aprender. E o apoio e a coesão familiar podem proporcionar as crianças uma estrutura equilibrada e sadia, para crescerem e tornarem-se cidadãos conscientes de seu papel na sociedade sendo capazes de interagir e intervir na realidade. 
Como diz Vitor Paro ([s.d.]), a escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais, para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim, a família irá se sentir comprometida com a melhoria da qualidade escolar e com o desenvolvimento de seu filho como ser humano.
Quando se fala em vida escolar e sociedade, não há como não citar o mestre Paulo Freire (1999), quando diz que a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se opção é progressista, se não se está a favor da vida e não da morte, da eqüidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não se tem outro caminho se não viver a opção que se escolheu. Encarná-la, diminuindo, assim, a distância entre o que se diz e o que se faz.
Como se pode observar, a relação família X escola requer, então, dos professores uma tomada de consciência de que, as reuniões baseadas em temas teóricos para falar dos problemas dos educandos, sobre notas baixas, não proporciona um início de parceria. A escola deve buscar construir por meio de uma intervenção elaborada e consciente a criação de espaços de reflexão e experiências de vida numa comunidade educativa, instituindo acima de tudo a aproximação entre as duas instituições (família-escola).
No Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), diz que "é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais", ou seja, trazer as famílias para o convívio escolar já está prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescente o que esta faltando é concretizá-lo, é pôr a Lei em prática. Família e escola são pontos de apoio ao ser humano; são sinais de referência existencial. Quanto melhor for a parceria entre ambas, mais significativos serão os resultados na formação do educando/filho. A participação dos pais na educação formal dos filhos deve ser constante e consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares. 
Nesse sentido, é importante que pais, professores, filhos/alunos dividam experiências, compreendam e trabalhem as questões envolvidas no seu dia-a-dia sem cair no julgamento "culpado X inocente", mas procurando compreender cada situação, uma vez que tudo o que se relaciona aos educandos/filhos tem a ver, de algum modo, com os pais e vice-versa, bem como tudo que se relaciona aos alunos tem a ver, sob algum ângulo, com a escola e vice-versa. A escola e a família, cada qual com seus valores e objetivos específicos na educação de uma criança/adolescente, constituem uma estrutura intrínseca, onde quanto mais diferentes são, mais necessitam uma da outra. Desse modo, cabe a toda sociedade, não apenas aos setores relacionados à educação, transformar o cotidiano da escola e da família, através de pequenas ações modificadoras, para que esta (a família) compreenda a importância dos objetivos traçados pela escola, assim como o seu lugar de co-responsável nesse processo (família).

METODOLOGIA

Este estudo caracteriza-se como pesquisa bibliográfica dissertativa pelo motivo que recorreu ao uso de materiais como livros, revistas, artigos, publicações avulsas e imprensa escrita. 
Marconi e Lakatos (2001) dizem que o fim principal da pesquisa bibliográfica é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao pesquisador o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações. 
Os dados levantados na fundamentação teórica trazem reflexões, argumentações, interpretações, análise e conclusões de autores, a partir, deles, busca-se uma correlação com a realidade do tema em estudo.

CONCLUSÃO

Ao propor uma reflexão sobre "Escola e família: uma relação de ajuda na formação do ser humano", constata-se que é tarefa primordial tanto dos pais, como também da escola o trabalho de transformar a criança imatura e inexperiente em cidadão maduro, participativo, atuante, consciente de seus deveres e direitos, possibilidades e atribuições. E que este ser em formação seja futuramente um cidadão consciente, crítico e autônomo desenvolvendo valores éticos, espírito empreendedor capaz de interagir no meio em que vive.
Nessa perspectiva, família e escola devem aproveitar, ao máximo, as possibilidades de estreitamento de relações, porque o ajuste entre ambas e a união de esforços para a educação das crianças e adolescentes deve redundar, sem dúvida nenhuma, em elemento facilitador de aprendizagens e de formação do cidadão. 
Dessa forma, sugere-se que a escola sinta-se desafiada a repensar a prática pedagógica, considerando que os estudantes são crianças/adolescentes que apresentam características singulares e que se faz necessário manter um trabalho em parceria com as famílias, pois, se a escola deseja ter uma visão integral das experiências vividas pelos alunos, buscando desenvolver o prazer pelo conhecimento, é necessário reconhecer que deve desempenhar o bem-estar, englobando as diversas dimensões do ser humano. Visto que se crianças/adolescentes e sua família sabem aonde a escola quer chegar, se estão envolvidos no dia-a-dia de que são os principais beneficiários, poderão participar com mais investimentos e autonomia na busca do sucesso nessa empreitada que é o aprender e, principalmente, na formação de um ser humano que desenvolva suas potencialidades físicas, espirituais e funcionais, através de trabalhos criativos, envolvendo também o meio social no qual vivem, acompanhando a modernidade e evolução do mundo.


REFERÊNCIAS


BOCK, Ana Mercês Bahia et alii. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 1989.
BRASIL, Estatuto da criança e do adolescente ECA. Brasília, Distrito Federal: Senado, 1990.
DAYRELL, Juarez. A escola como espaço sócio-cultural: múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1999. p. 136-161.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 11.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999. 
GOKHALE, S. D. A família desaparecerá? In: Revista Debates Sociais. Nº 30, Ano XVI. Rio de Janeiro, CBSSIS, 1980. 
PERRENOUD, P. "Le Go-Between: entre famille et l'école, l'enfant messager et message". In: MONTANDON, C.; PERRENOUD, P. Entre parents et enseignants: un dialogue impossible?Paris, Peter Lang, 1987, p.49-87.
PARO, Vitor Henrique. Qualidade do ensino: a contribuição dos pais. [s.l.]: Xamã. 126 p. 
TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.
1Graduanda do Curso de Letras Licenciatura Plena em Português/Inglês e Respectivas Literaturas, oferecido pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal UNIDERP INTERATIVA, Unidade de São Borja, RS.
*** Artigo publicado no sitewww.zemoleza.com.br no ano 2006 e no site. www.recantosdasletras.uol.com.br 


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Entrevista com Lee Sing Kong, diretor do Instituto Nacional de Educação de Cingapura... Diretor do organismo que prepara docentes e gestores de Cingapura revela como essa ilha construiu um dos sistemas educacionais mais eficientes e elogiados do mundo.


Quando declarou sua independência da Inglaterra, há 55 anos, a Educação de Cingapura tinha problemas tão grandes que só podiam ser comparados à pífia situação financeira da pequena ilha no Sudeste Asiático. A taxa de analfabetismo e o nível de desemprego eram alarmantes e não havia recursos naturais a ser explorados para ativar o crescimento econômico. "O capital humano era nossa única riqueza. O governo percebeu que era preciso melhorar a qualidade do ensino para que as pessoas pudessem desenvolver habilidades e ser integradas ao mercado de trabalho", conta Lee Sing Kong, diretor do Instituto Nacional de Educação de Cingapura. O organismo é responsável pela formação dos professores no país, atualmente com cerca de 5 milhões de habitantes. 

Desde então, os gastos com Educação não são encarados como custos, e sim como um investimento prioritário. Os resultados dessa medida podem ser observados em muitas áreas. Nos anos 1970, por exemplo, a cidade-estado começou a atrair diversas multinacionais, já que oferecia baixos custos salariais aliados a uma mão de obra qualificada por uma Educação de reconhecimento internacional. Em entrevista a NOVA ESCOLA, durante visita a São Paulo, Lee falou sobre outros avanços trazidos pela ênfase dada ao ensino e defendeu a valorização do educador como condição para o desenvolvimento individual dos estudantes e do país. 

Quais foram as primeiras ações implementadas para reverter a situação precária que predominava havia meio século na Educação de Cingapura?

LEE SING KONG No início, foi importante garantir para toda a população uma base sólida de letramento e fundamentos matemáticos. Também foi crucial montar um currículo nacional que realmente priorizasse as habilidades necessárias para o posterior ingresso no mercado de trabalho e atuar com empenho para reverter o abandono escolar. Quase 10% dos alunos paravam de estudar antes de concluir o Ensino Fundamental e precisávamos reduzir isso porque, em uma população pequena, cada estudante é um recurso precioso. Mas o maior desafio mesmo foi a formação dos professores, que tinham de estar aptos a alfabetizar a todos plenamente. 

Como isso foi feito?

LEE 
Nós nos direcionamos pelas circunstâncias que encontramos, visando o progresso que a nação almejava. Em qualquer reforma educacional, há uma série de condições para o sucesso e uma delas é a Educação dos próprios educadores. Formamos uma geração de profissionais que acredita que toda criança pode aprender. Tudo depende de uma abordagem correta. Eles se tornaram aptos a compreender os diferentes perfis de aprendizado dos alunos para, assim, adotar a ferramenta mais apropriada. 

Cingapura possui uma população de 5 milhões de habitantes, enquanto a do Brasil é de 190 milhões. Mas enfrentamos o abandono escolar e a falta de formação dos educadores como seu país. É possível adotar aqui as mesmas 
práticas de lá e esperar resultados semelhantes?

LEE 
Não dá para transportar um modelo de um lugar para o outro porque as circunstâncias, as culturas e as situações são muito diferentes. No entanto, boas lições sempre podem ser aprendidas com as experiências positivas de outras partes do mundo. Cingapura tem um sistema educacional pequeno, compacto. Conseguimos evoluir e atingir um bom patamar porque pegamos os aprendizados dos outros países e realizamos as adaptações necessárias. Uma boa prática a ser seguida é o planejamento. Primeiro, deve-se perguntar o que se quer da Educação em seis, dez ou 12 anos e com base nisso direcionar o currículo para que o objetivo seja alcançado.


Qual o papel do professor nesse processo de mudança?


LEE 
Um estudo da McKinsey & Company (Como os Sistemas Escolares de Melhor Desempenho do Mundo Chegaram ao Topo, de 2007) aponta que os melhores sistemas educacionais têm em comum educadores de altíssimo nível. Por isso, essa pesquisa indica que a qualidade de um sistema educacional não pode superar a de seus profissionais. Sendo assim, o Brasil deve continuar sua jornada para formar bem os professores. Se eles trabalharem melhor, não há dúvida de que o ensino vai evoluir. 

O relatório da McKinsey também aponta a importância de tornar a carreira docente atraente, e isso é um problema no Brasil. O que foi feito em Cingapura nesse sentido?

LEE 
Nossos educadores também não tinham uma carreira muito atraente. Em 1995, no entanto, o governo investiu nisto: o salário inicial deles foi sendo aumentado até se igualar ao de um engenheiro em início de carreira. A mensagem é clara: a docência é tão importante quanto qualquer outra profissão. As perspectivas de carreira também foram melhoradas. Antes, um professor só podia ser promovido a chefe de departamento ou a diretor. Os que gostavam de lecionar e se recusavam a assumir cargos de liderança estavam condenados a se aposentar sem nenhuma oportunidade. O governo mudou isso. Manteve o caminho para cargos de gestão, mas abriu a possibilidade para que um professor pudesse ser promovido com melhores salários aos cargos de sênior, líder ou mestre - que tem o mesmo salário de um vice-diretor. E ainda existe uma terceira possibilidade para quem é muito bom na preparação de currículos e de modelos de aprendizado: a chance de receber uma promoção para a função de especialista. 

Com as modificações a carreira docente passou a ser mais valorizada?

LEE Sim. Em 1991, eram cinco candidatos para seis vagas no Magistério. Agora, são cinco para uma vaga. O salário, entretanto, é somente um dos componentes importantes de uma fórmula maior. Melhorar a compreensão social sobre o papel dos professores é imprescindível. Foi importante deixar claro o objetivo do ensino para eles e para a população também. Isso ficou evidente na metade dos anos 1990 com uma frase difundida pelo governo de Cingapura - "O papel dos educadores é formar o futuro da nação" - e com a divulgação das boas iniciativas. Outra ação interessante e realizada até hoje é a celebração do Dia dos Professores, em 1° de setembro, com a premiação de quatro profissionais pelo presidente do país no Palácio do Governo. Eles recebem o reconhecimento por seus trabalhos extraordinários. É um ato simbólico, mas tem reconhecimento nacional. 

Como é feita a seleção de educadores para trabalhar nas escolas?

LEE O Ministério de Educação de Cingapura recruta os candidatos de um grupo composto pelos 30% com melhores notas na Educação Básica ou Superior, que vão estudar no Instituto Nacional de Educação de Cingapura. Lá, garantimos que eles dominem o conteúdo que vão lecionar e a forma de fazer isso. Se não souberem como ensinar cada estudante, não alcançarão o impacto desejado e comprometerão os objetivos. 

Os professores que frequentam o Instituto têm a possibilidade de colocar em prática o que aprendem antes de assumir uma sala de aula?


LEE 
Sim. Durante o período de preparação, eles passam mais de 20% do tempo nas escolas, sob a supervisão de um profissional sênior, que avalia sua prática, aponta os pontos fortes e sugere melhorias. Assim, quando se formam, estão confiantes para assumir uma turma. E formamos cerca de 2 mil professores iniciantes por ano. 

Eles são pagos enquanto estudam?

LEE Sim, e esse é mais um ponto que atrai os melhores candidatos para a docência (o salário pode variar de 1,5 mil a 5 mil dólares, de acordo com o curso escolhido). Os estudantes de cursos de pós-graduação, por exemplo, recebem mais, assim como os que estão próximos do final do programa, realizado em um período que varia de um a quatro anos. 

Qual a média de alunos por turma na Educação Básica?


LEE 
Nós tínhamos a média de 40 alunos por sala. Reduzimos esse número para 30, em média, porque queremos encorajar a maior interação entre eles, um aprendizado mais direto e colaborativo, em grupos menores de alunos. 

Qual a importância da formação continuada em Cingapura? 

LEE O conhecimento e a tecnologia avançam muito rápido e os professores não podem ficar para trás. Um educador que está sem se atualizar por cinco anos, por exemplo, já está obsoleto. Por isso, o governo investe em cursos para professores já formados e eles devem cumprir uma carga de 100 horas, todos os anos. Queremos ter educadores que também sejam pesquisadores e reflitam sobre as diferentes situações que surgem dentro de suas salas de aula. 

Depois de tantas transformações, qual é o próximo desafio da Educação em Cingapura?

LEE O mesmo de todos os países do mundo: manter o currículo atualizado. Os alunos que entram na escola vão ingressar no mercado de trabalho após 16 ou 17 anos. Nesse intervalo, com as transformações que venham a ocorrer, quem pode prever as competências e habilidades que serão necessárias a esses jovens no futuro? Em Cingapura, acreditamos que não vamos errar se trabalharmos com habilidades fundamentais de linguagem e cálculo e, é claro, com uma base sólida de valores, como integridade, honestidade, esforço e desejo de aprender. 
E como se ensinam esses valores na sala de aula?

LEE 
Pelo exemplo. Como um professor pode exigir que todos os estudantes sejam pontuais se ele sempre se atrasa? Como vai cobrar inovação das crianças se ainda usa anotações feitas há três décadas? Aqueles que educam precisam ser os primeiros a mudar.








ESCOLA E FAMÍLIA



Espera-se muito do professor. Até onde vai nossa responsabilidade e começa a dos pais?

 Muitas vezes, por não ter clara essa divisão, a escola terceiriza problemas aos pais, e vice-versa, o que gera sentimentos de impotência e sobrecarga em ambos os lados. Os papéis dos educadores e da família são complementares, porém distintos. Em casa, há uma relação de autoridade entre pais e filhos. A criança possui também uma posição privilegiada e, por mais que se comporte mal, os relacionamentos se mantêm. Na escola, o cenário muda. O aluno se torna mais um integrante do grupo, aprende a lidar com novas regras, experimenta conflitos e percebe que as relações dependem de suas ações. Além do conhecimento, a criança deve adquirir na escola competências indispensáveis para o convívio em sociedade - dificilmente obtidas em família. Cabe a nós, educadores, contribuir para esse aprendizado e buscar maneiras de lidar com os conflitos inerentes ao processo. Isso requer boa formação, estudo coletivo, envolvimento da equipe, reflexão, avaliação e aperfeiçoamento. Só assim nos sentiremos amparados e seguros para atuar no dia a dia. O fracasso da Educação familiar não pode significar também o insucesso da escola. Não podemos depender do bom desempenho dos pais para educar nossos alunos para a vida em uma sociedade democrática, mais equilibrada e justa e nem esperar estudantes ideais como um pré-requisito para obter êxito. As crianças que trazem dificuldades de casa são as que mais precisam do nosso apoio para se inserir socialmente. Vamos aproveitar esse começo de ano para debater tais questões. Como profissionais da Educação, podemos construir uma escola capaz de dar conta do que ocorre no espaço sob sua responsabilidade tanto em relação à aprendizagem quanto ao comportamento social.


“A FAMÍLIA EDUCA PARA A VIDA PRIVADA E A ESCOLA PREPARA PARA A COLETIVA. SÃO ESPAÇOS EDUCATIVOS DISTINTOS.”




               Teoria da Personalidade - Geral

                    Uma base para refletir sobre nossa Personalidade




A busca por explicações sobre a personalidade parece ter mobilizado as mais diversas áreas do conhecimento humano desde sempre e a tendência em classificar pessoas é tão antiga quanto a humanidade. Ninguém, absolutamente ninguém, deixa de classificara as pessoas que conhece, ainda que intimamente, involuntariamente e até inconscientemente. Todos nós temos uma espécie de arquivo subjetivo das pessoas que julgamos explosivas, simpáticas, sensíveis, desleais, preocupadas, ansiosas, mentirosas, amorosas e assim por diante.
Na Grécia, Hipócrates (460-377 a.C.), considerado o pai da medicina, classificava a personalidade em quatro tipos, de acordo com a presença de determinadas substâncias no organismo. No século XVII, o filósofo John Locke foi um dos primeiros a teorizar que a mente humana nasce vazia, como um papel em branco, e que a personalidade seria fruto das experiências. Logo depois, o francês Jean Jacques Rousseau criou o conceito do bom selvagem inspirado nas descobertas de povos indígenas nas Américas. Para ele os humanos nasceriam inocentes e pacíficos. Males como ganância e violência seriam produto da civilização.
Um dos aspectos da tendência universal de classificar os outros se baseia em traços da personalidade. Hipócrates começou com essa tendência classificatória através de sua teoria dos quatro humores corporais - sangue, fleuma, bile branca e bile negra – segundo a qual, a predominância de qualquer um desses quatro humores caracterizaria o temperamento das pessoas, bem como a inclinação para determinadas doenças.
O primeiro cientista da era moderna a estudar seriamente a questão da natureza versus criação foi o inglês Francis Galton (1822-1911), no fim do século XIX. Pioneiro no estudo de irmãos gêmeos, Galton, primo de Charles Darwin, pretendia mostrar que a inteligência e os talentos da elite intelectual inglesa eram passados de pai para filho.
No Renascimento e na era moderna, o debate se deu principalmente em torno do grau de participação que a natureza e o ambiente teriam na formação da personalidade. Por muito tempo os intelectuais insistiam na tese da personalidade humana ser produto exclusivo do ambiente. Talvez essa insistência tenha sido uma atitude inconsciente de reagir à série de discriminações e atrocidades cometida na Europa e Estada Unidos durante boa parte do século 20 com propósitos étnicos. Em episódios que espocavam aqui e ali, geralmente revelados apenas décadas mais tarde, judeus, ciganos, negros, deficientes físicos, homossexuais e outros grupos étnicos ou estigmatizados foram esterilizados ou mortos para evitar que transmitissem seus genes à posteridade. O apogeu trágico e brutal dessas atitudes pretensamente eugênicas ocorreu na Alemanha nazista.
Baseado na teoria de Hipócrates, Cláudio Galeno (131-200 DC), em sua monografia "De Temperamentis" desenvolveu a primeira tipologia do temperamento. Descreveu quatro temperamentos básicos (que se desdobravam em nove e não vêm ao caso aqui): sanguíneo, bilioso ou colérico, melancólico e fleumático.
Immanuel Kant (1724 – 1804), mil e quinhentos anos depois, aprimorou as características dos quatro tipos de temperamento citados por Galeno. O tipo sangüíneo é caracterizado pela força, rapidez e emoções superficiais. O tipo melancólico, designado pelas emoções intensas e vagarosidade das ações. O tipo colérico, rapidez e impetuosidade no agir e o fleumático, caracterizado pela ausência de reações emocionais e vagarosidade no agir.

DNA E PERSONALIDADE  

Na metade do século XX até agora, a partir da descoberta da estrutura do DNA pelo americano James Watson e pelo inglês Francis Crick em 1953 até o mapeamento completo do genoma humano, em 2003, abriu-se um campo de exploração sem precedentes para entender as origens biológicas da personalidade. Hoje se sabe que os comportamentos dependem da interação entre fatores genéticos e ambientais.
Além disso, as descobertas mais recentes nesse campo mostram que a influência dos hábitos e do estilo de vida de cada um na ação dos genes é maior do que se pensava. Pessoas com genes associados à depressão têm mais probabilidade de desenvolver a doença se forem expostas a eventos traumáticos durante a vida. Fala-se que questões vivenciais podem servir como gatilho para disparar certas predisposições geneticamente determinadas.
A descoberta da estrutura do DNA por James Watson e Francis Crick, em 1953, e a divulgação do Projeto Genoma Humano, em 2000, abriram as portas para uma compreensão sem precedentes das raízes biológicas da personalidade. As revelações de que a genética pode influenciar comportamentos mudam a visão das pessoas sobre questões filosóficas e do cotidiano. "A idéia de que os bebês vêm ao mundo sem características inatas multiplica a angústia dos pais que dão aos filhos uma educação adequada e eles não correspondem às suas expectativas. Na verdade, muitas coisas não dependem dos pais, e sim da natureza", diz Steven Pinker. O biólogo Richard Dawkins, da Universidade de Oxford, e autor de O Gene Egoísta, vai além. "A genética do comportamento mudará muita coisa. Se partirmos do pressuposto de que nossa mente é regida por algo além dos conceitos éticos e morais aprendidos, como punir um assassino?", ele questiona. "Quando um computador não funciona, em vez de puni-lo, nós o consertamos."
Na década de 70 os estudos com gêmeos, incluíam filhos biológicos e adotivos, mostraram que as crianças adotadas têm traços de personalidade mais parecidos com os de seus pais biológicos do que com os dos pais adotivos. Os estudos revelaram também que gêmeos idênticos exibem aspectos da personalidade semelhantes.

AMBIENTE, GENÉTICA E PERSONALIDADE

Como se forma a personalidade humana? O que é mais importante na formação e desenvolvimento da personalidade? Essas questões acompanham a curiosidade humana desde tempos imemoráveis. Atualmente, embora a dúvida continue, já podemos refletir baseados em hipóteses bastante interessantes.
O indivíduo como se encontra aqui-e-agora é, indubitavelmente, um produto daquilo que ele trouxe ao mundo com aquilo que o mundo fez com ele, em outras palavras, o sujeito é uma combinação de seu genótipo com as influências do ambiente sobre esse genótipo.
Entre tantas tendências destaca-se um tronco ideológico segundo o qual os seres humanos seriam criados iguais quanto sua capacidade potencial. Neste caso, a ocorrência das diferenças individuais seria interpretada como uma decisiva influência ambiental sobre o desenvolvimento da personalidade.
De acordo com tal enfoque, havendo no mundo uma hipotética igualdade de oportunidades, seríamos todos iguais quanto as nossas realizações, já que, potencialmente seríamos iguais. Assim pensando, se a todos fossem dadas oportunidades iguais, como por exemplo, oportunidade musical ou artística, seria impossível destacar-se um Chopin, Mozart, Monet, Rembrandt, porque a potencialidade de todos seus colegas de classe seria a mesma. A única diferença entre Einstein e os demais teria sido uma simples questão de oportunidade e circunstâncias ambientais. Neste caso a personalidade, a inteligência, a vocação e a própria doença mental seriam questões exclusivamente ambientais. 

A idéia de buscar fora da pessoa os elementos que explicassem seu comportamento a sua desenvoltura vivencial teve ênfase com as teorias de Rousseau, segundo o qual era a sociedade quem corrompia o homem. Subestimou-se a possibilidade da sociedade refletir, exatamente, a totalidade das tendências humanas. São seres humanos que trazem em si um potencial corruptor o qual, agindo sobre outros indivíduos sujeito à corrupção, produzem um efeito corruptível. Ou seja, trata-se de um demérito tipicamente e exclusivamente humano. 
Outra concepção acerca da personalidade foi baseada na constituição biotipológica, segundo a qual a genética não estaria limitada exclusivamente à cor dos olhos, dos cabelos, da pele, à estatura, aos distúrbios metabólicos e, às vezes, às malformações físicas, mas também, determinaria às peculiares maneiras do indivíduo relacionar-se com o mundo: seu temperamento, seus traços afetivos, etc.
As considerações extremadas neste sentido descartam qualquer possibilidade de influência do meio sobre o desenvolvimento e desempenho psico-emocionale e atribuem aos arranjos sinápticos e genéticos a explicação de todas as características da personalidade. Entretanto, uma das descobertas mais interessantes do projeto Genoma colocou em cheque essa hipótese organicista. Foi o fato de se verificar que os seres humanos compartilham entre si 99,99% de seus genes e, desta forma, as diferenças cromossômicas entre duas pessoas seriam ínfimas.
Pelo lado da biologia, se a diferença dos cromossomos entre duas pessoas gira em torno de 0,01%, como se justificaria a enorme diferença de personalidade entre essas duas pessoas. Pelo lado do ambiente, se o meio onde se desenvolvem dois irmãos é basicamente o mesmo, o que justificaria também a enorme diferença entre as personalidades de ambos.
Buscando um meio termo, como apelo ao bom senso, pode-se considerar a totalidade do ser humano como sendo um balanço entre, no mínimo, duas porções que se conjugam de forma a produzir a pessoa tal como é: uma natureza biológica, tendo por base nossa natural submissão ao reino animal e às leis da biologia, da genética e dos instintos, e uma natureza existencial, suprabiológica e que transcende o animal que repousa em nós. A pessoa, ser único e individual, distinto de todos outros indivíduos de sua espécie, traduz a essência de uma peculiar combinação bio-psico-social.
Pensando assim, os genes herdados se apresentam como possibilidades variáveis de desenvolvimento em contacto com o meio e não como certeza inexorável de desenvolvimento. Sensatamente, o ser humano não deve ser considerado nem exclusivamente ambiente, nem exclusivamente herança, antes disso, uma combinação destes dois elementos em proporções completamente insuspeitadas. 
O ser humano não deve ser considerado um produto exclusivo de seu meio, tal como um aglomerado dos reflexos condicionados pela cultura que o rodeia e despido de qualquer atributo mais nobre de sentimentos e vontade própria. Não pode, tampouco, ser considerado um punhado de genes, resultando numa máquina programada a agir desta ou daquela maneira, conforme teriam agido exatamente os seus ascendentes biológicos. 
Seguindo essa idéia a definição de Personalidade poderia ser esboçada da seguinte maneira:

"PERSONALIDADE É A ORGANIZAÇÃO DINÂMICA DOS TRAÇOS NO INTERIOR DO EU, FORMADOS A PARTIR DOS GENES PARTICULARES QUE HERDAMOS, DAS EXISTÊNCIAS SINGULARES QUE EXPERIMENTAMOS E DAS PERCEPÇÕES INDIVIDUAIS QUE TEMOS DO MUNDO, CAPAZES DE TORNAR CADA INDIVÍDUO ÚNICO EM SUA MANEIRA DE SER, DE SENTIR E DE DESEMPENHAR O SEU PAPEL SOCIAL".

OS TRAÇOS DA PERSONALIDADE
 
Para a psiquiatria os tipos de personalidade, ou os tipos psicológicos, são classificados de acordo com o conjunto de traços que caracterizavam a maneira de ser da pessoa, o modo como a pessoa interage com seu mundo objectual, ou seja, como o sujeito se relacionava com o objeto.
Carl Jung (1875 – 1961) classificava as pessoas em dois tipos básicos de atitude (dos quais também derivam vários subtipos), a extroversão e a introversão, de origem biológica. A extroversão, segundo ele, era governada por expectativas e necessidades sociais, estando orientada para a adaptação e reações exteriores, enquanto a introversão teria sua energia dirigida para os estados subjetivos e processos psíquicos. A extroversão, segundo Jung, era mobilizada por expectativas e necessidades sociais, estando orientada para reações exteriores, enquanto a introversão teria sua energia dirigida para os estados subjetivos e processos psíquicos.
Alfred Adler (1870 – 1937) reconhecia quatro tipos de temperamento, os quais, de certa forma, foram ainda baseados em Galeno, porém, definidos de acordo com o interesse social e nível de energia manifestado pelas pessoas. Adler denominava tipo governante as pessoas com certo nível de agressividade, tirania e dominação, correspondendo ao tipo colérico de Galeno. Falava do tipo dependente, para pessoas sensíveis, que se acomodam em uma concha existencial para se protegerem dos eventos externos. O tipo dependente possui baixos níveis de energia, são cronicamente cansados, pouco dispostos e correspondem ao tipo fleumático de Galeno.
O terceiro tipo de Adler é chamado de evitação e representa pessoas que tendem a se afastar do contato direto com os outros e com as circunstâncias. Essas pessoas também têm níveis baixos de energia, são predominantemente tristes e correspondem ao tipo melancólico de Galeno. Finalmente o tipo socialmente útil, representando as pessoas saudáveis, que apresentam interesse social e energia, atléticas e vigorosas, relacionadas ao tipo sangüíneo de Galeno.
Alguns traços de personalidade, de fato, parecem ter uma potencialidade geneticamente determinada, faltando saber com que probabilidade esse potencial se desenvolverá ou não na vida da pessoa. O seqüenciamento do genoma humano permitiu que cientistas identificassem uma série de genes relacionados ao comportamento. Foram mapeados genes relacionados à tendência para adquirir certos traços de personalidade, ou a desenvolver hábitos ou vícios – desde que tais genes sejam "disparados" por estímulos ambientais durante a vida da pessoa.
A mais recente pesquisa dos genes relacionados ao comportamento humano foi conduzida pela Universidade de Essex, na Inglaterra, e se refere ao gene responsável pelo transporte da serotonina, um neurotransmissor associado à tonalidade afetiva, bem como ao bem-estar e felicidade, entre outros sentimentos e sensações. Esses genes estariam relacionados à maneira como cada um processa as informações positivas ou negativas – ou seja, à tendência a ser otimista ou pessimista.
Os trabalhos da geneticista brasileira Mayana Zatz da Universidade de São Paulo, em parceria com o geneticista João Ricardo de Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco, em pesquisas para tentar descobrir a influência genética de doenças psíquicas levaram à descoberta do gene do otimismo. Isso pode nos fazer mais tolerantes com quem teima em ver apenas o lado negativo do mundo. Para a psiquiatria essas descobertas embasam o tratamento do mau humor (distimia) com medicamentos que aumentam o nível da serotonina, geralmente antidepressivos.
Por conta desse gene do otimismo a revista Veja cogita, em um toque de bom humor, se o carnaval brasileiro não teria uma origem genética, já que entre os brasileiros o gene bom humor é encontrado em 40% das pessoas – um verdadeiro recorde se comparado aos ingleses, com apenas 16% de portadores. O pesquisador Ricardo Kanitz, da PUC do Rio Grande do Sul, atribui esse índice de otimismo dos brasileiros à mistura de etnias e nacionalidades da qual se compõe nosso país. De qualquer maneira, felizmente ou infelizmente, parece claro que o brasileiro é mais propenso a olhar o mundo com certo otimismo.
Passo a passo a ciência descobre que a genética pode influir muito na formação das características e no comportamento das pessoas. Talvez as pessoas com índole calma ou explosiva tenham uma participação genética importante em seu comportamento, muito além do comportamento aprendido. Como neste caso, a ciência se preocupará em ir a fundo ao caso da homossexualidade, da inteligência, dos comportamentos obsessivos, histéricos, fóbicos e assim por diante.
O que se pretende, hoje em dia, é que os pesquisadores não tenham de optar pelo sistema orgânico ou psicológico, como acontecia antes. Não cabem mais, de um lado os defensores da tese de que nascemos todos iguais e a personalidade se forma pelo aprendizado e pelas experiências pessoais e, de outro lado, defensores de que os traços da personalidade são definidos pela herança genética, assim como a cor dos olhos.

A genética do comportamento vem mostrando que não só o ambiente e nem só o DNA formam a personalidade. Atualmente considera-se que os traços tenham um componente genético, porém, sua manifestação depende de fatores ambientais. O gene carrega o traço, mas é o ambiente que puxa o gatilho para ele se manifestar. De qualquer forma, já se tem certeza de que os genes são capazes de influenciar o comportamento humano. Já foram encontrados genes que tornam as pessoas mais vulneráveis a comportamentos agressivos ou a sofrer transtornos psíquicos. Também foram detectados genes relacionados à orientação sexual e a vícios como alcoolismo e tabagismo.
A presença desses genes, entretanto, não significa que a pessoa obrigatoriamente desenvolverá o comportamento ligado a ele. O que existe é uma predisposição, geralmente influenciada pelas experiências pessoais, familiares e pelo ambiente em que a pessoa vive. Ter predisposição genética à depressão, por exemplo, não basta para a pessoa ficar deprimida, pois os mesmos genes são encontrados também em pessoas não deprimidas.
Para os genes ligados aos traços se manifestarem outros fatores são necessários, tais como as vivências, o ambiente social, as condições de saúde geral e assim por diante. Os traços de personalidade, porém, são produtos de muitos genes – e não de apenas um, como ocorre com a maioria das características físicas e das doenças.
Os estudos com gêmeos têm revelado a natureza hereditária do perfil emocional das pessoas. Esses experimentos permitiram concluir que as principais características da personalidade – como introversão ou extroversão, vulnerabilidade à neurose ou estabilidade emocional, abertura ou não a experiências, atenção ou dispersão – são em média 50% herdadas.
Mesmo em atitudes culturais como a religião, por exemplo, o impacto dos genes é muito forte. O conservadorismo político, outro exemplo, é um traço que, segundo estudos da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, tem 60% de influência genética. Os pesquisadores dessa universidade vêem acompanhando 8.000 gêmeos, três centenas deles são gêmeos idênticos e separados da família no nascimento há mais de 20 anos. Os resultados surpreendem ao mostrar que certos comportamentos antes considerados fruto do aprendizado são fortemente influenciados pela genética.

TEORIAS DA PERSONALIDADE

Todas as vezes que colocamos lado a lado duas pessoas estabelecendo comparações entre elas, qualquer que seja o aspecto a ser medido e comparado sempre existirá diferenças entre ambas. São essas diferenças entre os indivíduos que os tornam únicos e inimitáveis. 
Por outro lado, apesar de tais diferenças, constatamos outras características comuns a todos os seres humanos, tal como uma espécie de marca registrada de nossa espécie. Assim, existem elementos comuns e capazes de nos identificar todos como pertencentes a uma mesma espécie, portanto, característicos da natureza humana e outros atributos particulares e pessoais capazes de diferenciar um ser humano de todos os demais.
Para demonstrar didaticamente este duplo aspecto da constituição humana imaginemos, por exemplo, um enorme canteiro de rosas amarelas. Embora todos os indivíduos do canteiro tenham características comuns e suficientes para ser considerados e identificados como rosas amarelas, é praticamente impossível encontrar dois exemplares exatamente iguais. Portanto, apesar de todos esses indivíduos possuírem traços comuns, tais como, perfume, pétalas e espinhos, cada um deles tem suas características individuais, tamanho, número de pétalas, tonalidades diferentes, espinhos mais realçados... 
No ser humano normal, da mesma forma, existem características universais, como por exemplo, duas pernas, dois braços, um nariz, angústia, ambição, amor, ódio, ciúme, etc. Entretanto, em cada um de nós essas características combinar-se-ão de maneira completamente pessoal e singular. 
Diante dessas características iguais e diferentes podemos afirmar que os seres humanos são essencialmente iguais e funcionalmente diferentes, ou seja, somos iguais uns aos outros quanto à nossa essência humana (ontologicamente), porém, funcionamos diferentemente uns dos outros. Todas as ideologias que enfatizam uma igualdade genérica entre os seres humanos, em total descaso para com as diferenças funcionais, apesar do discurso eloqüente e retórico, apesar de certo romantismo ética e moralmente correto, cientificamente são completamente falsas. 
Nossa igualdade é apenas essencial, jamais funcional. As teorias sobre uma igualdade plena entre seres humanos pecam, inclusive, por negarem uma das principais características de nossa espécie que é a perene vocação das pessoas em querer se destacarem umas das outras.
                                         Semelhanças Essenciais  
 
A data do aparecimento do ser humano na face da Terra vai recuando no tempo na medida em que avançam os métodos das descobertas da arqueologia. A idéia de que o homem de Neanderthal tenha sido um ancestral do Homo sapiens tem sido cada vez mais contestada por antropólogos e palenteólogos, cogitando-se a tese de que há mais de cinco milhões de anos já existiam homens capazes de fabricar utensílios e cultuar seus mortos. Contudo, apesar do ser humano ter conseguido modificar suas possibilidades de ação e seus modos de existência em poucos e recentes séculos de sua história, muitas atitudes e sentimentos do homem pré-histórico continuam presentes e se repetindo no ser humano moderno. 
É incontestável, sem dúvida, o grande salto dado pelo desempenho mental humano, ainda que, desacompanhado de mudanças substanciais em nossa biologia. Fomos capazes de saltar da pedra lascada ao micro-circuito integrado, do fogo à fusão nuclear e, sabe-se lá, até onde chegaremos mais. Apesar disso, muita coisa ficou indelevelmente impressa na maneira de ser do indivíduo moderno que remonta aos nossos irmãos das cavernas. 
A atividade mental contemporânea do ser humano é totalmente diferente daquela de nossos ancestrais, principalmente no que diz respeito à aquisição do conhecimento. Trata-se, conforme expõe Herreira com clareza, de uma espécie de destino biológico da espécie em sua jornada dirigida ao conhecimento, a qual se promove através da utilização progressiva dos ilimitados recursos do sistema nervoso humano.
Entretanto, voltando à questão das coisas que temos em comum com nossos irmãos trogloditas, se há cinqüenta mil anos o homem ia à luta com sua clava, hoje ele se empenha no combate com armas automáticas. Porém, a motivação, sentimento e objetivo desta desavença ente seres humanos são os mesmos, tanto na pré-história quanto hoje. Se em nossa pré-história nossos irmãos cultuavam seus mortos, julgando que se transformavam em deuses, hoje consola-nos a idéia de que eles vão a Deus depois de mortos. Nessas questões essenciais não houve grandes mudanças.
De acordo com Jung, nenhum biólogo pensaria em admitir que os indivíduos adquiram todo seu modo de comportamento apenas a partir do nascimento, a partir das coisas que aprenderá daí em diante. Bem mais provável é que o jovem pardal teça seu ninho característico porque é um pardal e não um coelho. Assim também, é mais provável que o ser humano nasça com sua maneira de comportar-se especificamente humana e não com a do hipopótamo. São manifestações comportamentais que “já vêm prontas”, que vêm se repetindo em cada pessoa que nasce sabe-se lá desde quando.
É assim que percebemos elementos de notável semelhança na essência dos seres humanos, expressões e modos característicos próprios da espécie. Podemos encontrar formas psíquicas no indivíduo que ocorrem não somente em seus ascendentes mais próximos, mas em outras épocas distantes de nós milhares de anos e às quais estamos ligados apenas pela arqueologia. Jung coloca estas Semelhanças Essenciais do ser humano como certas formas típicas de comportamento característico, os quais, ao se tornarem conscientes, assumem o aspecto de representações do mundo, maneiras humanas de representar a realidade.
Também serve para ilustrar um pouco mais esta questão das Semelhanças Essenciais a idéia dos instintos. Eles aparecem como formas típicas de comportamento da espécie, podendo estar ou não associados a um motivo consciente. Freud chama atenção para estas características universais da pessoa: os Instintos Básicos. Enfatiza notadamente o instinto para a preservação da vida, tanto da vida individual, sob a forma de afastamento da dor (ou busca do prazer), quanto da vida da espécie, através da sexualidade e vocação à reprodução. Ele cita ainda o instinto da morte, o qual, apesar de contestado por muitos autores, quando voltado para o exterior conduz à agressão. Pela teoria dos instintos, serão inúteis as tentativas do ser humano livrar-se das inclinações agressivas, já que elas são indispensáveis para a execução dos instintos.
Didaticamente poderíamos considerar os Arquétipos e os Instintos como duas faces de uma mesma moeda; enquanto os instintos trazem em seu bojo uma conotação biológica e que nos remete às sombras de nosso passado animalesco, os arquétipos colocam o ser humano num patamar mais elevado e diferenciado, ou seja, mais espiritualizado.
Na filosofia, a busca de uma característica humana marcante foi vislumbrada por Schopenhauer como sendo a Vontade. O fato de sentir e querer é a atitude mais básica que o ser humano conhece, portanto, é uma característica comum a todos nós. Assim, o intelecto se coloca a serviço desta forma irracional ou supra-racional chamada Vontade. Posteriormente Nietzsche acrescentou à vontade de Schopenhauer o Poder: motivação básica e universal entre os homens. 
A vontade do poder serviu de orientação aos estudos de Alfred Adler para a compreensão psicodinâmica deste impulso natural humano, retirando do termo “poder” qualquer conotação pejorativa. Para Adler, o poder atendia as mesmas exigências dos instintos básicos de Freud e a motivação da atitude comum aos seres humanos estava firmemente atrelada à sua vontade do poder: poder sobre os demais semelhantes. O que mudaria entre as pessoas seria o tipo de poder em questão; poder material, político, intelectual, estético, de autoridade, de privilégios e assim por diante.
Adler compara fenomenologicamente o poder aspirado pelo bandido que deseja ser o mais pérfido entre seus pares, com a aspiração de poder do indivíduo caridoso, manifestando sua pulsão de supremacia caridosa entre seus companheiros de altruísmo. Evidentemente não cabe aqui uma preocupação valorativa ou ética, mas apenas a constatação do fenômeno.
De qualquer forma, seja a necessidade íntima de um deus que conforta, seja nossa perene tendência em preservar a vida ou garantir a espécie, seja nossa constante busca do prazer, seja uma vontade que motiva ou um poder que estimula, podemos pensar sempre num elemento da personalidade que tenha se perpetuado ao longo de toda nossa história. Trata-se de determinadas atitudes existenciais diante da vida que acompanham nossa espécie através de infindáveis gerações. São elas, as verdadeiras Tendências Naturais do ser humano.
Embora a essência destas Tendências Naturais pareça independer do tempo e do espaço atuais pelo fato de terem existido, de existirem e de continuarem existindo em qualquer momento e qualquer civilização de nossa história, suas manifestações comportamentais e emocionais devem estar sempre adequadas ao modelo sócio-cultural onde a pessoa se insere e às possibilidades de ação de cada um.  Em outras palavras, as Tendências Naturais Humanas devem ser disciplinadas, domesticadas e adequadas às circunstâncias e possibilidades de cada um.
Assim sendo, as Tendências Naturais nunca se manifestam de maneira pura e primitiva, mas sim, domesticadas e aculturadas. Uma conduta instintiva pura é praticamente impossível manifestar-se em condições psíquicas normais. Tais impulsos primitivos se diluem pelas pressões das circunstâncias e pelas peculiaridades afetivas de cada um e se mascaram de tal forma, que acabam ficando dissimuladas pelo caráter da pessoa. O impulso sexual, por exemplo, na normalidade psíquica, não surge de forma primitiva a ponto da em pessoa arrastar a outra a força para a cama. Normalmente marca-se um jantar... Muitas vezes a ânsia de poder se dissimula em altruísmo, generosidade e outras “máscaras sociais”.
Durante toda sua existência a pessoa é compelida a atender as Tendências Naturais, essencialmente as mesmas em todos nós. As maneiras pelas quais tais tendências serão atendidas mostrarão as diferenças entre as pessoas, entre as gerações e entre os povos. A tendência ao poder, por exemplo, como vimos, pode se manifestar de diversas maneiras nas diferentes pessoas; prazer em ter poder, em sentir-se superior aos demais nos mais variados aspectos existenciais. Um monge poderia manifestar esta tendência buscando o prazer de sentir-se o mais humilde entre seus pares, superior a todos os demais em termos de humildade e abnegação. Sentiria uma satisfação suprema, perante Deus, ao saber-se o mais humilde entre os mortais. O intelectual, através do o poder do saber, conquistaria seu prazer percebendo-se o mais erudito em sua área. O amante, através do poder de cativar, ou o poder material do rico, a autoridade do político, a coragem do soldado, o qual teme mais a opinião de seus camaradas que a arma do inimigo, e assim por diante.
Apesar da busca do prazer dever atender certos anseios pessoais, os meios de se conquistar esse prazer devem estar em concordância com as circunstâncias sócio-culturais. Mas, de qualquer modo, o universal fenômeno da busca do prazer - com suas mais variadas apresentações - é observado entre todos os seres humanos conscientes.
Ainda se estuda mais a fundo as razões pelas quais temos tendência a nos irritarmos quando percebemos que o outro busca atender seus prazeres. Talvez porque o que dá prazer ao outro não sejam as mesmas coisas que procuramos para nosso próprio prazer ou, pior, porque não permitimos no outro atitudes eficientes que não nos permitimos.  
Para a manutenção de uma situação de equilíbrio entre a pessoa e seu meio ou entre ela e si própria é necessário haver harmonia entre três elementos; o peso ou força de suas tendências, as possibilidades de seu ego em atender essas exigências e as condições de realização oferecidas pelo ambiente. As situações de emergência podem determinar atitudes primitivas, mas eficientes, em direção à sobrevivência, apesar de emancipadas da ética. Há um ditado que diz: quando a miséria entra pela porta da frente a virtude sai pela janela.
Há uma tendência ao aparecimento de comportamentos primordiais ou primitivos sempre que houver uma flagrante ameaça aos instintos básicos, como se houvesse uma regressão ao estado biológico natural (predominantemente instintivo), como um desempenho comandado por nível mais inferior de psiquismo, nível este onde as considerações mais sublimes, dos tipos morais e éticas, ficassem suspensas em benefício de objetivos mais imediatos e pragmáticos.

Os instintos aparecem sempre idênticos entre os indivíduos de uma mesma espécie, porém, apenas enquanto funcionam instintivamente, sem o polimento da domesticação. O aparelho psíquico do ser humano tem por função a transformação da pulsão instintiva original de acordo com as exigências de sua cultura e de suas emoções. Embora o instinto seja, em si, comum a todos os indivíduos de uma mesma espécie, no ser humano as manifestações desses instintos são peculiares a cada pessoa, elas atendem às peculiaridades do padrão emocional de cada um, enfim, atendem às características da personalidade de cada um. Nem por conta dessa domesticação pode-se anular o instinto básico original, ele é apenas transformado e adequado ao indivíduo e às exigências de seu meio.
Diferenças Funcionais
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Ao lado das Tendências Naturais, as quais identificam todos nós como pertencentes à mesma espécie, existem as peculiaridades próprias e particulares com as quais cada um se apresentará e se relacionará com o mundo. Allport ilustra as diferenças funcionais de cada um ao descrever os Traços Pessoais; arranjos individuais e constitucionais determinados por fatores genéticos, os quais, interagindo com o meio em maior ou menor intensidade, resultariam em uma característica psíquica capaz de particularizar uma pessoa entre todas as demais.
Os traços herdados são possibilidades de vir a ser e não a certeza de que será. Há uma quantidade enorme de traços possíveis de transmissão hereditária, porém, apenas parte desses traços se manifestará no indivíduo.
A maneira singular e própria da pessoa interagir com seu mundo, decorrente de seus traços pessoais, pode ser chamada de Disposição Pessoal. Sendo esta a combinação dos traços que se manifestam na pessoa, então a Disposição Pessoal se confunde com a própria personalidade, ou seja, a maneira particular da pessoa de lidar com a vida, com o mundo e com suas próprias emoções.
É possível, como mostraram inúmeros autores, agrupar indivíduos de acordo com determinadas características psíquicas mais ou menos comuns entre eles formando grupos. Temos assim as classificações ou a tipologia da personalidade. É assim que se reconhecem os introvertidos, extrovertidos, sensitivos, pensativos, intuitivos, sentimentais ou, de outra forma, os explosivos, melancólicos, obsessivos, e assim por diante. 
A classificação das personalidades baseada em traços busca reconhecer os traços predominantes naquela determinada personalidade ou na maneira de ser. Isso não quer dizer, de forma alguma, que as personalidades globais das pessoas classificadas desta ou daquela maneira sejam idênticas em todos do mesmo grupo: entre todos introvertidos, por exemplo, cada qual dispõe de uma personalidade peculiar e o fator – comum a todos do mesmo grupo – que permitiu serem classificados é uma tonalidade afetiva depressiva e sua conseqüente apresentação social introvertida.
Para avaliar as diferenças funcionais dos indivíduos, mais precisamente das personalidades peculiares de cada um, podemos considerar três critérios de observação:
1- Classificação baseada nos Traços;
2- o "eu" como Personalidade e;
3- os Papéis Sociais como Personalidade.

Classificação baseada nos Traços
Nenhum ser humano mostrará algum traço de personalidade que já não exista em todos outros indivíduos, pois os traços do ser humano são uma espécie de patrimônio de nossa espécie, ou seja, à todos indivíduos de uma mesma espécie são atribuídos os traços característicos dessa espécie. Vimos isso no item anterior sobre as Semelhanças Essenciais. Entretanto, a combinação individual desses traços em proporções variadas numa determinada pessoa caracterizará sua personalidade ou sua maneira de ser (Diferenças Funcionais).
O senso comum de um sistema sócio-cultural costuma elaborar uma relação muito extensa de adjetivos utilizados para a argüição dos indivíduos deste sistema: sincero, honesto, compreensivo, inteligente, cálido, amigável, ambiciosos, pontual, tolerante, irritável, responsável, calmo, artístico, científico, ordeiro, religiosos, falador, excitado, moderado, calado, corajosos, cauteloso, impulsivo, oportunista, radical, pessimista, e por aí afora. Podemos considerar como Traço Predominante da pessoa em apreço a característica que melhor a define, como se, entre tantos traços tipicamente e caracteristicamente humanos, este traço específico predominasse sobre os demais. 
Pois bem. É exatamente a predominância de alguns traços e a atenuação de outros que acaba por constituir a personalidade de cada um. Enfim, é como se o artista conseguisse extrair uma cor única e muito pessoal misturando uma série de cores básicas encontradas em todas as lojas de tintas.
Como os traços básicos do ser humano são infinitamente mais numerosos que as cores do exemplo acima, as combinações entre esses traços será praticamente infinita, vindo daí a infinita diversidade de personalidades. É difícil pensar nos traços de outra forma, senão como uma inclinação inata e submetida à influência agravante ou atenuante do meio.
O "EU" como personalidade

O "eu" é o ser total, essencial e particular da pessoa. Freqüentemente usado como sinônimo de personalidade, o “eu” diz respeito ao indivíduo e sua consciência do mundo e de si próprio, ou seja, a consciência da própria identidade e da realidade.
Na abordagem do "eu" importa o aspecto dinâmico da personalidade, portanto, as representações internas que a pessoa tem sobre a realidade externa, ou seja, as relações entre o sujeito e o objeto ou, em outras palavras, entre a pessoa e o mundo. Enquanto a análise dos traços é uma tarefa prática, de observações objetivas sobre como é a pessoa, a avaliação sobre o "eu" é mais subjetiva, mais psicodinâmica.
As características da personalidade baseadas no “eu” dizem respeito não apenas ao modo como a pessoa se apresenta no mundo, conforme se vê em relação aos traços, mas à maneira como a pessoa sente o mundo e interage com ele. Enquanto os traços refletem mais o lado biológico da personalidade, o “eu” representa mais o aspecto afetivo da pessoa.

Muitos autores discorrem sobre esta forma de avaliação da personalidade. Entre eles, Jung vê dois tipos de Disposição Pessoal pelas quais os indivíduos se caracterizarão no contacto com o mundo objectual:
1- a maneira introvertida e;
2- a maneira extrovertida.
 Além destas duas disposições básicas, Jung reconhece ainda quatro funções associadas a elas: função pensamento, sentimento, sensação e intuição. Desta forma, o indivíduo pode ser considerado do tipo introvertido pensativo, ou sensitivo extrovertido e assim por diante. Pela tipologia psicológica de Jung oito tipos psicológicos puros são possíveis, mas, normalmente, cada pessoa dispõe de duas funções predominantes, como por exemplo, o tipo extrovertido intuitivo-sentimental. Em sua obra Tipos Psicológicos este assunto é abordado detalhadamente e apresentado de maneira mais fácil do possa parecer nesse exemplo sumário.
Outros autores consideram a personalidade baseada no "eu" de maneira diferente. Entendem os indivíduos que contactuam a realidade de maneira introvertida através de uma descrição mais diversificada e atribuindo-lhes outros adjetivos: tristes, inseguros, melancólicos, de tonalidade afetiva depressiva, e assim por diante. Na realidade, entendendo os conceitos básicos das teorias da personalidade percebemos que as diferentes denominações são diferenças mais semânticas que ideológicas.

O Papel Social como personalidade

Este tipo de avaliação sobre a personalidade observa o papel das atitudes e comportamentos da pessoa inserida na estrutura social a qual pertence. As pessoas tendem adaptar-se aos papeis sociais a elas designados buscando satisfazer a expectativa que o sistema tem sobre tais “personagens”. As pessoas que encontram um padre pela frente têm expectativas comuns sobre como ele dever se comportar, da mesma forma que o doente tem expectativas diante de seu médico e este diante de seus clientes e assim por diante.
Todos desempenham muitos papeis sociais, cada um a seu tempo. Papel de criança pré-escolar, de criança escolar, de universitário, de enamorado, de profissional, de traído, de cúmplice, etc. Há papeis de pai, de filho, de chefe, de subalterno, enfim, estamos sempre a desempenhar algum papel social. Às vezes temos que desempenhar vários papéis sociais ao longo do dia. Jung chama de Persona esta nossa apresentação social.
A palavra persona, de origem grega, significa máscara, ou seja, caracteriza a maneira pela qual o indivíduo vai se apresentar no palco da vida em sociedade.  Portanto, diante do palco existencial cada um de nós ostenta sua persona, mas há, porém, uma respeitável distância entre o papel social do indivíduo e aquilo que ele realmente é, ou entre aquilo que ele pensa ou pensam que é e aquilo que ele é de fato.

Na realidade, considerar a personalidade através dos papeis sociais pode não refletir a verdadeira natureza da pessoa. A avaliação mais objetiva seria através dos traços, indicativos de como a pessoa é. A avaliação mais subjetiva se dá através do “eu”, indicativo de quem é a pessoa e os papeis sociais mostram a capacidade de adaptação da pessoa.


PERSONALIDADE: o meio ou os genes?

Há em biologia uma fórmula muito significativa e de validade indiscutível: FENÓTIPO = GENÓTIPO + AMBIENTE. Entende-se por Fenótipo o estado atual no qual se encontra o indivíduo aqui e agora, por Genótipo entende-se seu patrimônio genético e, em nosso caso, por Ambiente entendemos as influências do destino existencial sobre o desenvolvimento do ser.
De maneira geral, o estado em que se apresenta o indivíduo num dado momento deve ser entendido como uma conjugação entre seu patrimônio genético e a influência ambiental a que se submeteu. Em outras palavras, uma somatória daquilo que ele trouxe para a vida com aquilo que a vida lhe deu. Podemos assim, considerar a personalidade como sendo composta de elementos constitucionais ou genotípicos e de elemento ambientais ou paratípicos. O resultado final do indivíduo, tal como se encontra no momento atual, será o seu fenótipo.
A discussão sobre a força do ambiente ou da constituição na formação da personalidade é antiga, acirrada, infindável e inconclusiva. A tendência moderna e politicamente correta é entender o sujeito como resultado da influência preponderante do meio, porém, como o politicamente correto tende à acentuada demagogia, melhor seria uma concepção mais sensata.
A ciência médica, acostumada que está a considerar relacionamentos causais para os fenômenos que estuda, sente-se incomodada quando alguma tendência sociogênica atribui à delinqüência, por exemplo, um reflexo direto da pobreza (ambiental). Fosse assim, pelo menos em nosso meio a delinqüência seria, no mínimo, milhares de vezes mais presente.
É por causa de idéias assim, as quais procuram estabelecer relações diretas entre sentimentos e acontecimentos, que a sociedade não consegue entender a Depressão como um estado não necessariamente associado a alguma coisa má que tenha acontecido para a pessoa deprimida.
Por outro lado, a medicina psiquiátrica também se incomoda com as afirmações exageradamente orgânicas, como por exemplo, sobre a hipótese do comportamento agressivo ser conseqüência exclusiva de um bracinho mais longo de determinado cromossomo. Contribuindo para atenuar esta perpétua discussão, podemos pensar em um modelo de quatro mecanismos de influência para a formação da personalidade. São eles:

1 - Mecanismo Constitucional Direto

 

O mecanismo genético direto sugere uma influência dos genes e/ou da constituição de maneira direta na formação da personalidade. Neste caso, a influência ambiental é muito pequena e a participação biológical é quase absoluta. São poucas as situações que se enquadram neste mecanismo e a maioria delas refere-se aos casos de deficiência mental, como por exemplo, a Trissomia 21 ou Síndrome de Down, entre outras.
De um modo geral, são situações onde o patrimônio genético determina solidamente a configuração do indivíduo de modo decididamente irreversível, praticamente imune às alternativas terapêuticas atuais (grife-se "atuais"). Diz-nos o bom senso que de acordo com os avanços da genética, tais situações tendem a rarear cada vez mais. A detecção precoce de genes anômalos ou patogênicos e o conhecimento acerca da penetrância de tais genes prometem um futuro mais otimista na área da concepção humana. Entretanto, atualmente tais procedimentos corretivos da formação genética desenvolvem-se, predominantemente, na esfera da prevenção e não do tratamento.
O termo correto para os fatores biológicos atrelados à pessoa é genético-constitucional e não apenas genético. Há diferenças entre um elemento apenas genético e outro constitucional. Genético significa, em tese, hereditário, herdado. Constitucional, por sua vez, significa que faz parte da constituição da pessoa, podendo ou não ser genético. Um fator genético significa também ser constitucional, mas o contrário não se dá. As malformações proporcionadas pela toxoplasmose ou pela rubéola, por exemplo, são de natureza constitucional, embora não seja genética.

2 - Mecanismo Constitucional Indireto

Neste caso, muito embora os traços marcantes da personalidade possam ser determinados por fatores constitucionais, uma atuação decisiva do ambiente pode alterar o curso do desenvolvimento da pessoa. Uma surdez congênita, por exemplo, capaz de determinar uma personalidade peculiar por conta das limitações de desenvolvimento, essa alteração será significativamente atenuada caso a pessoa possa se beneficiar de recursos especializados de treinamento e educação.
As alterações constitucionais proporcionam maior ou menor probabilidade de se tornarem características na personalidade dependendo da atuação ambiental. Um indivíduo que tenha em si probabilidade genética de ser alto, por exemplo, poder ter o desenvolvimento da estatura prejudicada se o meio não lhe fornecer condições adequadas de nutrição. O contrário é verdadeiro; probabilidades genéticas de baixa estatura podem ser compensadas com nutrição, exercícios, etc.
Encontram-se nesta possibilidade os transtornos emocionais considerados endógenos. É o caso da esquizofrenia, por exemplo, que pode ou não se manifestar durante a vida do indivíduo apesar da probabilidade constitucional-genética. A eclosão franca da doença dependerá de um complexo conjunto de circunstâncias psicossociais. Também a predisposição à depressão poderia ser entendida através deste mecanismo, assim como outras condições psicopatológicas de comprovada concordância familiar.

3 - Mecanismo Ambiental Geral

 

O ambiente ou o espaço sócio-cultural a que pertence o indivíduo pode favorecer o desenvolvimento de alguns traços peculiares em sua personalidade, principalmente na forma de relacionamento para com o mundo. Os estímulos, as solicitações, as oportunidades de treinamento, as normas de convivência, enfim, todo o conjunto de recursos oferecido à pessoa através do sistema sócio-cultural e ambiental poderá determinar características da pessoa existir.
O ambiente desempenha ação modeladora sobre as potencialidades constitucionais da personalidade, ou seja, o ambiente pode alterar os rumos do desenvolvimento geral da pessoa. Situam-se aqui os estados emocionais e de formação psicológica resultantes das vivências apesar da existência de fatores constitucionais.
A chamada negligência parental (abandono por parte dos pais) pode exercer marcantes alterações no desenvolvimento emocional da pessoa, assim como as profundas perdas sofridas, a vitimização das guerras e coisas assim. Essas alterações seriam de maneira global sobre o desenvolvimento da personalidade.

4 - Mecanismo Ambiental Específico

 

Aqui a influência dos elementos ambientais se dá de forma especifica, ou seja, em aspectos específicos da Personalidade. A desnutrição, o alcoolismo, certas infecções, intoxicações, etc., são intercorrências ambientais que atuam na personalidade especificamente neste ou naquele aspecto, como por exemplo, retardo mental, paranóia, epilepsia, etc. Este é também o caso de um traumatismo craniano, após o qual o indivíduo tenha passado a apresentar convulsões ou demenciação. Isso quer dizer que sem determinado fator ambiental específico a personalidade tomaria outro rumo e o indivíduo se apresentaria na vida com outro desempenho existencial.
Embora esta proposta dos quatro mecanismos de influência possa facilitar uma reflexão acerca da formação da personalidade e dos transtornos da personalidade, isso não deve ser tomado como uma questão hermética. Tanto para o desenvolvimento da personalidade normal, quanto da não-normal, sempre haverá uma condição multifatorial, uma conjunção de mais de um destes mecanismos de influência. Atualmente o mais sensato é admitir uma natureza bio-psico-social na origem da personalidade e o peso com que cada um desses elementos participam será extremamente variável e individual.

para referir:
Ballone GJ, Meneguette JP- Teoria da Personalidade - Geral, in. internet PsiqWeb, disponível em www.psiqweb,med.br, atualizado em 2008 







A ESCOLA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO
Por: Sonia das Graças Oliveira Silva


O papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e das sociedades amplia-se ainda mais no despertar do novo milênio e aponta para a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de cidadãos (PCNs, 1998).
Na escola, durante processos de socialização, a criança tem a oportunidade de desenvolver a sua identidade e autonomia. Interagindo com os amiguinhos se dá a ampliação de laços afetivos que as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os adultos. Isso poderá contribuir para o reconhecimento do outro e para a constatação das diferenças entre as pessoas; diferenças essas, que podem ser aproveitadas para o enriquecimento de si próprias.
As instituições de educação infantil se constituem em espaços de socialização, propiciam o contato e o confronto com adultos e crianças de várias origens socioculturais, de diferentes religiões, etnias, costumes, hábitos e valores, fazendo dessa diversidade um campo privilegiado da experiência educativa.
Desse modo, na escola, criam-se condições para as crianças conhecerem, descobrirem e ressignificarem novos sentimentos, valores, idéias, costumes e papéis sociais.
A escola deve dar total atenção à criança como pessoa, que está num contínuo processo de crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades.
A atenção recebida na escola reflete na criança, fazendo com que tome consciência do mundo de diferentes maneiras em cada etapa de seu desenvolvimento. As transformações que ocorrem em seu pensamento se dão simultaneamente ao desenvolvimento da linguagem e de suas capacidades de expressão.
A criança bem atendida, considerada um cidadão, enquanto cresce se depara com fenômenos, fatos e objetos do mundo; pergunta, reúne informações, organiza explicações e arrisca respostas. Desse modo, ocorrem mudanças fundamentais no seu modo de conceber a vida, a natureza e a cultura.
Além de promover a educação da criança, mostrando o correto, muitas vezes a escola terá que propiciar situações para que os pais reflitam sobre seus papéis e atribuições, tendo em vista que seus filhos permanecem mais tempo com os profissionais da escola do que com eles mesmos.
A criança é movida pelo interesse e curiosidade, e, motivada pelas respostas dadas pelo profissional da escola, através de informações vindas dos livros, notícias, reportagens, televisão, rádio, etc. ela ficará segura, sentindo-se protegida naquele espaço onde é cidadã.
A infância é um período de desenvolvimento cultural do ser humano, cuja importância vai ficando cada vez mais clara e precisa à medida que avançam os conhecimentos sobre o desenvolvimento do cérebro.
As descobertas nes­ta área já são tão importantes que chegam a afetar a nature­za de currículos da Educação Infantil em alguns países. É o caso, por exemplo, da França, que introduziu um currículo para a infância apoiado em pilares diferenciados dos que nortearam a educação da in­fância durante a maior parte do século XX.[1]
Neste novo currículo, as práticas culturais da infância ganham relevo e o tempo é distribuído de forma que ativi­dades que envolvam música e movimento sejam equiparadas em importância às atividades mais especificamente volta­das à apropriação da leitura e da escrita. Busca-se, assim, uma escolarização que vise à formação da criança enquan­to ser de cultura em desenvol­vimento.


O papel da escola

Se acreditarmos que o principal papel da escola é o desenvolvimento integral da criança, devemos considerá-la em suas várias dimensões: afetiva, ou seja, nas relações com o meio, com as outras crianças e adultos com quem convive; cognitiva, construindo conhecimentos por meio de trocas com parceiros mais e menos experientes e do contato com o conhecimento historicamente construído pela humanidade; social, freqüentando não só a escola como também outros espaços de interação como praças, clubes, festas populares, espaços religiosos, cinemas e outras instituições culturais; e finalmente na dimensão psicológica, atendendo suas necessidades básicas como higiene, alimentação, moradia, sono, além de espaço para fala e escuta, carinho, atenção, respeito aos seus direitos (MEC, 2005).
Podemos então observar que os Parâmetros Curriculares Nacionais elaborados pela secretaria de Educação Fundamental do Ministério da Educação (MEC), em 1998, ressaltam tudo isso do seguinte modo: são objetivos do ensino fundamental que os alunos sejam capazes de:

• compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;

• posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;

• conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país;

• conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais;

• perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;

• desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania;

• conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva;

• utilizar as diferentes linguagens - verbal, musical, matemática, gráfica, plástica e corporal - como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;

• saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;

• questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação.

O que temos ainda hoje é um caminho a ser percorrido. Um caminho de cooperação que só será efetivo se os pais compreenderem que à escola não cabe exercer a função moral da família. E, se a escola promovesse ações de conscientização junto a essas famílias para que ficasse clara a importância do dever de cada um no desenvolvimento do aluno/filho, e que, embora essa parceria escola e família seja essencial, cada um desses setores deve conservar suas particularidades (DI SANTO, 2007).


Referências
BRASIL. MEC – Coordenação de educação Infantil – DPEIEF/SEB – Revista CRIANÇA – do professor de educação infantil. Brasília, DF, nº 42, dez/2006.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, MEC/SEF, 1997.
DI SANTO, Joana Maria R. Centro de Referência Educacional – Consultoria e Assessoria em Educação. Disponível em: . Acesso em outubro/2007.
[1] Revista CRIANÇA, publicação do MEC/SEB, nº 42, 2006.

SONIA OLIVEIRA SILVA - Perfil do Autor:
Empresária, Graduada em Ciências/matemática, Especialista em Educação Infantil pela FACED, Faculdade de Educação da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e Especialista em Mídia e Deficiência, pela FACOM, Faculdade de Comunicação da UFJF.Possue várias publicações em sites e revistas




 Evolução do desenho infantil
 


Modo de expressão próprio da criança, o desenho constitui uma língua que possui o seu vocabulário e a sua sintaxe. Ao prazer do gesto de desenhar associa-se o prazer da inscrição, a satisfação de deixar a sua marca. Os primeiros rabiscos são quase sempre efetuadas sobre livros e folhas aparentemente estimados pelo adulto, possessão simbólica do universo adulto tão estimado pela criança pequena.

Ao final do seu primeiro ano de vida, a criança já é capaz de manter ritmos regulares e produzir seus primeiros traços gráficos, fase conhecida como dos rabiscos ou garatujas.

O desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças significativas que, no início, dizem respeito à passagem dos rabiscos iniciais da garatuja para construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir os primeiros símbolos. Essa passagem é possível graças às interações da criança com o ato de desenhar e com desenhos de outras pessoas. Na garatuja, a criança tem como hipótese que o desenho é simplesmente uma ação sobre uma superfície, e ela sente prazer ao constatar os efeitos visuais que essa ação produziu. 

Para tentarmos entender melhor o universo infantil muitas vezes tentamos interpretar os seus desenhos; devemos lembrar-nos que a interpretação de um desenho isolada do contexto em que foi elaborado não faz sentido.

É aconselhável que os pais / professores facultem às crianças o contacto com diferentes tipos de desenhos e obras de arte, que elas façam a leitura das suas produções, que escutem a leitura de outros e ainda que sugira à criança que desenhe a partir de observações diversas (cenas, objetos, pessoas) para que possa ajudá-la a assimilar informações e assim enriquecer o seu grafismo. As crianças poderão assim reformular suas idéias e construir novos conhecimentos.


O importante é respeitar os ritmos de cada criança e permitir que ela possa desenhar livremente, sem intervenção direta de adultos, explorando diversos materiais, suportes e situações.

Alguns psicólogos e pedagogos, recorrendo a uma linguagem mais coloquial, utilizam as seguintes referências para fazer a evolução do desenho infantil:

   Entre um e três anos.
É a idade das famosas garatujas: simples riscos ainda desprovidos de controlo motor, a criança ignora os limites do papel e mexa todo o corpo para desenhar, avançando os traçados pelas paredes e chão. As primeiras garatujas são linhas longitudinais que, com o tempo, vão se tornando circulares e, por fim, se fecham em formas independentes, que ficam soltas na página. No final dessa fase, é possível que surjam os primeiros indícios de figuras humanas, como cabeças com olhos.
   Entre três e quatro anos.
Já conquistou a forma e seus desenhos têm a intenção de reproduzir algo. A criança também respeita melhor os limites do papel. Mas o grande salto é ser capaz de desenhar um ser humano reconhecível, com pernas, braços, pescoço e tronco.
   Entre quatro e cinco anos
É uma fase de temas clássicos do desenho infantil, como paisagens, casinhas, flores, super-heróis, veículos e animais, variando no uso das cores e buscando um certo realismo. As figuras humanas já dispõem de novos detalhes, como cabelos, pés e mãos, e a distribuição dos desenhos no papel obedece a uma certa lógica, do tipo céu no alto da folha. Aparece ainda a tendência para a antropomorfização, ou seja, a emprestar características humanas a elementos da Natureza, como o famoso sol com olhos e boca. Esta tendência costuma prolongar-se até aos sete ou oito anos.
   Entre cinco e seis anos
Os desenhos baseiam-se sempre em roteiros com começo, meio e fim. As figuras humanas aparecem vestidas e a criança dá grande atenção a detalhes como as cores. Os temas variam e o fato de não terem nada a ver com a vida dela são um indício de desprendimento e capacidade de contar histórias sobre o mundo.
   Entre sete e oito anos
O realismo é a marca desta fase, em que surge também a noção de perspectiva. Ou seja, os desenhos da criança já transmitem uma impressão de profundidade e distância. Extremamente exigentes, muitas crianças deixam de desenhar se acharem que seus trabalhos não estão bonitos.

O desenho infantil é o primeiro passo para o letramento


“Antes de ler a palavra, a criança precisa ler o mundo. E o mundo é de cores e formas”.


Principais erros dos pais e professores

Os principais erros que alguns pais e professores costumam cometer em relação aos desenhos das crianças. É importante evitar: interferir falando que o desenho é feio e que precisa melhorar; impor o uso de determinadas cores; interferir no que e como a criança vai desenhar, pois ao oferecer modelos preestabelecidos tiram a criatividade dela, mandar apagar, comparar com o desenho do outro irmão ou colega, etc.
Os pais devem estar alertas, pois os desenhos podem revelar problemas. Se a criança não consegue identificar as cores, por exemplo, pode ser daltônica. No entanto, o importante é não interferir, apenas observar se o desenho está evoluindo com o passar do tempo e entender o que a criança quer expressar, que histórias estão por trás daquele desenho.
"Os pais e professores devem ficar atentos aos desenhos, pois quando não há evolução, pode ser sinal de alguma coisa errada com o desenvolvimento da criança."


“O desenho não precisa ser bonito, a criança não precisa usar as cores certas. O que importa é que haja evolução.”



                                                  Fonte: Nova Escola


http://blogs.band.com.br/maenaweb/tag/desenho/


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